Aquarius (2016) – resenha

Salve, salve, seres humanos da terra.
Hoje é dia de resenha e eu quero falar de um filme brasileiro, um filme super importante na filmografia nacional, que me foi apresentado pela minha lindíssima companheira. Então vamos nessa com Aquarius (2016).

Aquarius é um filme da Sandy e Júnior é um filme franco-brasileiro com uma produtora francesa e, provavelmente, dinheiro francês. Mas o diretor é o Kleber Mendonça Filho (Bacural), tem Co-Produção do Walter Salles (Ainda Estou aqui), se passa em Pernambuco e tem como protagonista a Sônia Braga. É um filme brasileiro para todos os efeitos.

Aquarius (2016):

Aquarius (2016)

O filme começa no passado, nos anos 80, no aniversário de 70 anos de uma tia de Clara (que é a protagonista). Enquanto os netinhos lêem a história da tia, ela se lembra de sua vida, com muito sexo. Essa memória vem quando ela olha para um móvel, uma cômoda que está ali na sala e estava desde sempre. Além disso, ficamos sabendo que Clara lutou contra um câncer e venceu, mesmo sendo muito jovem.

O filme salta no tempo para os dias atuais (2016), agora temos Clara vivendo sozinha no mesmo prédio, e a cômoda ainda está lá. Esse é o nosso gancho. O prédio, é o edifício Aquarius que dá nome ao filme. Os filhos já estão crescidos, o marido faleceu e Clara está só, com sua empregada.

E aí começa a treta do filme. Uma construtora quer comprar o apartamento de Clara para poder derrubar o prédio e construir um novo resort chique e tal. Clara não quer, porque ali foi onde ela viveu a vida inteira, com o marido, com os filhos e tal. Clara rejeita a proposta e então a construtora começam a fazer da vida dela um inferno para que ela venda.

Enquanto isso, vemos a relação dela com os filhos e vamos entendendo a formação dessa família, com idas e vindas, tretas e abraços. Além de ver a própria relação da Clara, com sua memória, sua mortalidade e a sexualidade de uma bela mulher com mais de 50 anos.

É mais ou menos isso.

O que eu achei de Aquarius?

Esse filme é fantástico. Ele é sutil na sua mensagem, mas é muito profundo simplesmente porque a protagonista é uma personagem excelente (bem escrito) e a atriz é fantástica. Ela não é perfeita, nem boazinha, nem malvadona, nem uma velinha e nem uma femme fatalle. Ela não é nada disso porque não é um esteriótipo andando por aí. Clara é uma pessoa bem escrita, com dualidades, dúvidas e complexidades.

Memória e Poder:

O filme em si, trata sobre memória. Ele começa no passado, que é uma memória por si só, mas foca nas memórias da tia (que já era velhinha na época), a partir de um móvel. No presente, Clara mora no mesmo prédio, com o mesmo móvel (madeira boa é outra coisa). Ela também gosta muito de discos e histórias e de ficar vendo fotos antigas. Agora, sem os filhos por perto e com o marido morto, se mudar significa começar em um novo lugar significa virar a chave para uma nova vida onde ela é uma velhinha solitária. Além da injustiça de tentarem comprar o ap dela à força, que é bem escroto. Além disso, uma das jogadas da construtora tem a ver dom cupins, que comeriam a madeira, incluindo o móvel que vem desde o passado da tia.

Existe ainda um contraponto porque quem representa a construtora é um novivnho, neto do dono, que não tem história nenhuma, não respeita nada e quer tudo novo. O confronto dos dois é muito bom.

Aquarius (2016)

Poder:

Outra coisa interessante do filme é a relação dos personagens da família com as empregadas domésticas. São relações boas, mas ainda é uma relação subalterna, porque é assim que é. O filme não cai para o caminho da patroa malvadona, nem de boazinha santa. Elas tinham uma empregada quando novas (que elas deviam dizer que é quase da família), mas ela não lembra o nome. Clara vai no aniversário da empregada, na parte pobre da cidade (que fica bem perto da parte rica) e isso fica evidenciado pela fotografia e pelo próprio texto. Clara diz que “do cano de esgoto para lá é o bairro pobre, do cano para cá é o bairro rico”. E durante a festa, que é um churrasquinho na laje, vemos grandes prédios de luxo logo ali.

Dessa forma, temos um jeito de pensar sobre a própria política local de Pernambuco. Clara reclama disso, mas também não é pobrinha. Ela acaba acessando uma rede privilegiada para conseguir um recurso contra a construtora do mal. Todo mundo que tem algum poder tem alguma relação familiar. Os ricos e os pobres ficam próximos, mas existe uma barreira clara entre esses mundos.

Clara não é nenhuma progressista (embora o filme tenha sido taxado como de esquerda por denunciar o golpe contra Dilma em Cannes), mas ela é educada com os trabalhadores. Ela leva lanche para o porteiro. Ela cumprimenta os trabalhadoras da construtora e isso vai trazer frutos para ela lá pelo final do filme.

Aquarius (2016)

Amor, família e sexo:

Além disso, temos a questão sexual. Ela é uma mulher mais velha, viúva a 17 anos, mastectomizada e solitária. Então ela tem desejos, se encontra com um cara num forró, mas a coisa não avança muito. E aí outras coisas acontecem, mas eu não vou contar.

Tudo isso que eu falei são apenas alguns detalhes do filme. A história não chega a ser complexa, mas tem vários momentos que servem para montar a personagem e essa relação que ela tem com a memória e tudo o mais. Então é um filme muito profundo, mesmo tendo uma narrativa simples.

Muito bom. Recomendo demais. O filme está na Netflix. Assista lá.

E por fim. Preciso agradecer a minha gatinha, que me fez ver esse filme.

Aquarius (2016)

Então é isso. Filmão. Adorei.
Mas e você, o que acha?
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Um abraço.
E tchau.

Vulto

Desprezível.

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