Conclave – filme com eleição de Papa – resenha
Salve, salve, seres humanos da terra.
Hoje é dia de falar de filme que está nos cinemas e eu quero falar de Conclave, um dos filmes do Oscar que promete nos entreter com um elenco de idade elevada. Então vamos lá falar desse filmão.
Conclave:
O Conclave fala de uma rinha de idosos um conclave (jura!?), que é uma reunião fechada de gente importante. Nesse caso é o conclave para eleger quem será o novo Papa da Igreja Católica, porque o Papa da vez bateu as botas, virou camiseta de saudade, foi de arrasta, capotou o Corsa. O filme começa com o Papa morrendo e agora o Decano (o cardeal mais antigo), precisa organizar a festinha de idoso o Conclave para eleger o novo Papa. E aí é intriga política para todo o lado, porque Igreja é política, todo mundo sabe disso. Certo? CERTO!?
O Decano Lawrence é interpretado pelo Ralph Fiennes (The Menu, Dragão Vermelho e também é o Valdemort em Harry Potter, um papel menor) e novamente ele precisa enfrentar gente velha usando vestido. Lawrence precisa resolver a parada, preparar tudo para o Conclave, mas aí coisas começam a acontecer que vão causar altos problemas.
Primeiro aparece um Cardeal que ninguém sabia que existia. Um cara que foi ordenado pelo próprio Papa em segredo. Como ele atua em Cabul, eles entendem que ele era um Cardeal “secreto”, por ser um lugar perigoso para católicos. E tem um padre (arcebispo eu acho, sei lá) aparece dizendo que um outro Cardeal, Trembley, foi expulso pelo Papa antes de morrer. O cara foi expulso, acusado de alguma coisa, mas o Papa morreu antes das outras pessoas saberem e ele ficou por ali, fingindo demência. O problema é que esse candidato é um dos que tem chance de ser Papa.
O lance é que o próprio Lawrence é um Cardeal, mas ele não quer ser Papa. Ele precisa investigar as coisas, porque é responsabilidade dele, mas com cuidado para não ser acusado de ele mesmo estar manipulando o rolê querendo ser papa.
Daí tem candidatos que são mais progressistas (nos limites da Igreja) e outros que são mais conservadores, discussões, manipulações, grupinhos e suas tretas.
E o filme é isso aí. Realpolitik nos mais altos escalões da Igreja Católica.
Enquanto os padres estão discutindo fechados num prédio, lá fora, o mudo continua rodando, com protestos e outras loucuras acontecendo. Isso me lembra de um filme que eu já resenhei aqui chamado O que você faria? É um processo seletivo muito complexo e que ninguém entende. Tudo isso fechado em um prédio, enquanto lá fora o mundo real explode.
O filme é uma adaptação do livro homônimo de Robert Harris, publicado em 2016. Conclave teve 8 Indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme.
O que eu achei de Conclave? – Sem Spoilers
É um filme com um monte de idoso conversando num prédio bonito. Tem o potencial de ser muito chato, mas os atores são tão bons que eles conseguem te convencer a prestar atenção. E aí a história é bem boa. Eu não sou católico e não me importo nem um pouco com quem é o Papa, mas o filme consegue te deixar tenso querendo saber quem vai ganhar a parada. Simplesmente porque tem gente muito escrota que você não quer que ganhe.
O Ralph Fiennes está voando no papel. Carrega o filme (e o Conclave) nas costas e consegue te prender do início ao fim com suas expressões faciais sofridas e cheias de dúvidas.
O filme acaba sendo um bom suspense por conta desses dois casos misteriosos (o cardeal secreto e o cardeal que pode ter sido expulso) que deixam o público querendo saber mais. E o filme consegue ter uma condução muito boa, tornando interessante um tema que seria muito chato: uma eleição para um cargo que não me interessa.
E agora eu preciso dar spoiler para comentar uma coisa importante do final do filme. Se você não assistiu, pare aqui e vá assistir porque o filme é bom. Daqui para frente tem spoiler. Esteja avisado.
SPOILER!
No fim do filme, ganha o cardeal secreto. Ele é todo bonzinho, atuou em países perigosos que estavam em guerra. No meio de toda a opulência da Igreja Católica, ele é lembra de falar dos pobres e das mulheres em sua primeira reza. Ele é um personagem agradável comparado com alguns outros, especialmente seu último concorrente, que é um fascista maluco (pleonasmo?).
Durante o filme, sabemos que ele ia fazer um tratamento na Suíça, mas não foi. Daí ele é eleito Papa e só então nosso protagonista, o Lawrence, descobre o que era o tal procedimento: remoção de útero.
Então ele é uma mulher? Um homem trans? Algo assim? Não exatamente. Me parece que o personagem é intersexo, porque ele diz que tem tudo que tem tudo que o definiria como um homem (imagino que ele está falando de pênis, mesmo que a gente entenda que não é exatamente assim que funciona), mas descobriu que tem um útero. Ele diz que pensou em tirar, mas não quis mudar o que Deus fez. “Deus que me fez assim, uai”. Esse é o spoiler.
Os católicos ficaram revoltes e tudo. Você já imagina, mas para mim não importa.
Uma coisa que eu achei elegante é que você está lá assistindo o filme. Vem a informação de que o cara tem útero. Pensamos “É mulher?”, “É homem trans?”, daí vem o diálogo e você se pega pensando (é involuntário) se o personagem tem pinto ou não. Perceba, é o cargo mais importante de uma Igreja, eleito por mais de 70 cardeais, indicado por Deus como a pessoa mais santa do mundo, e você se pega pensando “tem pinto? Ou não tem pinto?”. E aí vem a maior das ironias: Padre não transa (não deveria)! Não faz diferença. Só que é um cargo que não pode ser exercido por mulheres só porque…. porque mesmo? Porque sim!
Estou terminando, juro por Deus kkkkkk:
Dito isso, que é a parte muito interessante do filme, preciso dizer mais algumas coisinhas.
O filme é bom. Mas eu entendo se alguém disser que ele é meio molenga em fazer uma igreja boazinha que, por mais que tenha fascistas quase ganhando, se auto regula e o cara bonzinho vai ganhar, porque Deus sabe o que faz. O cara que ganha é muito construído para ser obviamente bonzinho. Ele é o personagem menos complexo do filme. É feito para você gostar dele. Isso tem que estar em vista.
Concluindo: Bom filme, bem feito, bonito e com boas atuações. Gostei, mas tem é essa questão do bom-mocismo do carinha lá. Recomendo. Assista.
Então é isso. Rinha de idoso é legal. Gostei.
Mas e você, o que acha?
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Um abraço.
E tchau.