Fleabag – comédia deprê vencedora de vários Emmys – resenha
Salve, salve, seres humanos da terra.
Hoje é dia de resenha e eu quero falar de uma série que é um sucesso, mas que eu demorei para assistir. Mas finalmente assisti. Então vou comentar rapidamente sobre Fleabag.
Fleabag é uma série britânica de 2016, com roteiro e protagonismo da humorista/comediante Phoebe Waller-Bridge; A protagonista não tem nome, nunca citam o nome dela durante toda a série, até mesmo nos créditos ela é chamada de Fleabag. Então eu vou me referir a ela como “A Fleabag”, mas é que a série não dá nome para ela mesmo.
Fleabag:
Então temos a protagonista, a Fleabag, vivendo sua vida depressiva em Londres. E a vida dela é uma enorme zona. Ela sai com um cara escroto para transar. Está sem grana para manter seu café e tem uma relação de amor e ódio com sua irmã bem sucedida. O lance é que ela é viciada em sexo e isso acaba gerando vários problemas que a gente só vai conhecer mais para frente no final da primeira temporada. Mas tem a ver com o motivo dela estar sozinha com seu café, que ela mal consegue manter. Ela abriu esse café com uma sócia.
O grande lance da série, é que ela é toda vista a partir dos ombros da Fleabag. Só vemos cenas em que ela está. E ela tem uma tirada de humor que consiste em olhar para a câmera e fazer um comentário conosco, os espectadores, que outros personagens não podem ouvir. É como se ouvíssemos os pensamentos dela na forma de uma narração meio jocosa. Nós somos os amigos invisíveis que seguimos essa moça quebrada por onde quer que ela vá.
A coisa mais interessante é que apesar de ser uma série de humor, ela tem um padrão de humor britânico bem bizarro que é um humor brutalmente depressivo. Tem boas piadas, textos muito bem escritos e é uma boa comédia, mas a personagem principal está em um sofrimento muito profundo. E todos os outros personagens parecem sofridos e meio tristes também.
E tem várias doideiras. A relação dela com um ex-namorado que vai e volta. A madrasta que faz artes inspiradas em sexo. O cunhado que é um bêbado maluco. E na segunda temporada, nossa querida protagonista se apaixona por um padre.
O que eu achei de Fleabag?
Essa série é fantástica! Ela tem muitos momentos memoráveis de um humor de constrangimento maravilhoso e tudo isso montado em cima de uma base sólida de realismo terrível e febril. Mas o que eu gosto mesmo é de como a narrativa é construída de forma fluída, com bastante conteúdo em episódios de 20 e poucos minutos. Parece que a Fleabag está sempre correndo de lá para cá entre família e trabalho, arrumar alguém para transar e sofrer pela consequência do seu vício.
Quando os gregos dividiam o teatro entre tragédias e comédias, mal podiam imaginar que juntar as duas coisas renderia obras tão boas.
Para continuar eu vou precisar dar spoilers. Então está avisado. Se bem que a série é antiga.
Eu adoro esse elemento onde ela olha para a câmera e faz uma piadinha. Isso pode parecer (e parece no começo da série) só um elemento de humor, mas depois vemos (com um olhar atento) que isso é um elemento muito poderoso de roteiro.
A Câmera somos nós. Mas porque estamos lá?
A primeira cena da série é a Fleabag fazendo todo um malabarismo para uma noite de sexo, nem tão bom com um cara palha, parecer casual. E ela vai narrando isso para gente. Deprimente e engraçado.
Depois vamos vendo que ela tem problemas com um vício em sexo e uma dor. Isso rola por toda a temporada, quando entendemos que a sua melhor amiga morreu porque a Fleabag transou o namorado dela.
Na segunda temporada ela conhece e se apaixona pelo padre (que também não tem nome). O padre consegue ver ela fazendo essa coisa de falar com a câmera. Ele pergunta para ela “O que foi isso? Você foi para algum lugar.”. Isso deixa a coisa mais interessante.
Mas daí vem a cena final, que para mim é matadora. Ela está no ponto de ônibus, conversa dom o padre (eles já transaram) e ele “termina” com ela. Ela diz que ama ele, mas ele vai embora. É uma cena triste, mas é uma cena muito honesta de dois adultos se entendendo, mesmo que com “objetivos” diferentes. Então ela se levanta, sai andando e a câmera começa a se movimentar para segui-la. Mas ela olha e faz que não com a cabeça. Então ela vai embora e até dá um tchauzinho de longe. E fim.
Minha interpretação:
A Fleabag se acha ridícula. A vida dela é uma bagunça, ela não controla nem o próprio corpo de certa forma (ter vício é isso). Por isso que a série é depressiva e engraçada, porque é assim que ela está contando sua vida para gente. “Seja bem vindo ao meu mundo. Venha acompanhar como eu sou uma pessoa patética.”
No final da série ela se entende melhor com a irmã, ajuda ela a sair do casamento. Se entende melhor com o pai. Tem um término muito adulto (a meu ver) com o padre, que ela amou de verdade. Mesmo que não seja um final feliz, é um final onde ela deixou de se sentir um lixo. Ela não ela é mais um ser humano patético. E mais importante: Ela não é mais uma piada. E se não é piada, não tem série.
Então tchau, Fleabag. Que bom que está melhor, mesmo que triste.
E é isso que eu acho incrivelmente elegante nessa série. Ela termina psicologicamente bem, mas com uma cena triste. Lembrando que ela começa com uma cena ok de sexo casual, mas com uma personagem muito deprimida. Eu achei fantástica.
Concluindo:
Fleabag tem 2 temporadas só, com 6 episódios de 20 e poucos minutos. É muito boa e nem vai te consumir muito tempo para assistir. Então recomendo demais. Está lá no Prime Video. Assista.
Então é isso. Série maravilhosa. Adorei.
Mas e você, o que acha?
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Um abraço.
E tchau.
1 Resultado
[…] estão muito bem e as piadas são excelentes. Porém, esse filme tem uma profundidade a mais. Por mais que seja uma comédia, tem bons momentos onde a protagonista está brutalmente deprimida. Isso é muito importante porque é algo muito comum. Pessoas que parecem felizes demais, mas […]