Wandinha (Wednesday) – resenha sem spoiler
Salve, salve, seres humanos da terra.
Hoje é dia de resenha e eu vou dar meus breves pitacos da série do momento, a série da Wandinha da família Addams.
Wandinha:
Wandinha (Wednesday no original) é a nova série adolescente da Netflix que tem como protagonista a filha da clássica Família Addams.
A Família Addams começou como tirinhas de jornal nos anos 30 e teve um monte, um monte mesmo, de adaptações para cinema e séries no geral. Cada geração tem a sua versão preferida e com certeza você conhece. Se não conhece, para tudo e vai pesquisar aí sei lá.
Agora a Netflix lançou uma série focada na Wandinha (Wednesday é o nome original da personagem). E vamos nessa.
A série:
Na série, Wandinha deixou de ser uma criança super habilidosa e divertida e se tornou uma adolescente super habilidosa e pedante. Ela tem 15 anos e é expulsa de uma escola por jogar piranhas na piscina.
Por ser expulsa da escola, ela precisa ir para Nevermore, uma escola para excluídos, que é onde sua mãe conheceu seu pai. O drama principal é que Wandinha não quer ser uma cópia de sua mãe, que foi fodona em Nevermore. Então ir para essa escola é repetir os passos da Mortícia, mas a Wandinha não quer isso. Além de ir à escola, ela precisa frequentar uma psicóloga.
Logo ela planeja fugir durante uma festa, mas logo ela é atacada por um garoto telepata que diz que ela está fadada a destruir aquela escola. Sem reação, Wandinha é salva por um monstro sinistro que aparece e mata o garoto (sinistro para gente, não deveria ser sinistro para uma Addams).
Então surge um novo mistério porque o garoto que morreu, aparece vivo e deixa a escola. Então Wandinha decide ficar para tentar resolver o mistério. Quem é o monstro? Que tipo de profecia maluca é aquela que liga ela e um Peregrino à destruição da escola?
Então ela começa a investigar usando seu mais novo super poder… visões.
Personagens:
Nevermore é uma escola para criaturas mágicas, ou excluídos. Não é dito com todas as letras, mas é possível que todos os Addams tenham algum tipo de poder, já que eles são aceitos lá. A Wandinha tem visões, mas ela acha que ninguém sabe.
Na escola temos Sereias, um guri que é uma Górgona, Lobisomens (a companheira de quarto e melhor personagem da série e uma lobisomem), Vampiros que não fazem nada, Metamorfos, Telepatas e outras coisas.
A Enid, companheira de quarta é uma lobisomem. Tem uma rival sereia. Um garoto que pinta e consegue dar vida às pinturas. E tem ainda um monte de figurantes que podem ser qualquer coisa.
Além disso, temos a cidade próxima à escola, que é uma cidade de pessoas padrão, que têm seus preconceitos com os monstrinhos. É tipo o roteiro de Scooby-Doo: Escola de Monstros.
O xerife da cidade tem um caso em aberto de um garoto que foi morto. O xerife acredita que o assassino é o pai da Wndinha, Gomes Addams. E o filho do xerife tem uma queda pela nossa protagonista gótica.
A diretora de Nevermore é interpretada pela Gwendoline Christie, e uma das professoras é interpretada pela Christina Ricci, a Wandinha do filme dos anos 90.
Resumindo:
A série tem um tom de investigação e mistério. Tem as coisinhas básicas de auto-afirmação juvenil e aprendizado sobre amizade, mas o que guia mesmo é o mistério do monstro que vai até o final. Além disso a cidade tem suas lendas próprias, porque existe uma guerra velada entre humanos e monstros, mas ninguém está disposto a enterrar.
O roteiro conta muito com as visões da Wandinha, então pode esperar cenas longas de flashback mágico para explicar coisas.
A série tem produção do Tim Burton, e tem uma boa carinha dele em alguns elementos.
O que eu achei de Wandinha?
A série é boa. Divertida, com um roteiro bem amarradinho. Mas, tem problemas.
Acho que o que mais me incomoda é a zona de conforto em que o roteiro fica. E isso tem bem cara de produção da Netflix. Escola com monstros adolescentes estilosos, protagonista com visões são saídas muito tradicionais e até repetitivas. É escrever com o manual de roteiro embaixo do braço.
Além disso, eu não consigo tirar da minha cabeça a sensação de que o roteiro foi escrito primeiro para uma personagem qualquer (uma mistura de A Paranormal gótica com Monster High) e que só depois algumas coisas foram adaptadas para a personagem que é uma Addams. Isso gera algumas discrepâncias de cenas onde a personagem não sabe como reagir, se tratando de algo que seria normal para os Addams.
Por exemplo, no primeiro episódio, enquanto eles estão indo para escola acontece um diálogo. É dito que a Wandinha vai ficar com “Tentativa de Homicídio em sua ficha”. Ela diz que isso é péssimo, porque vão saber que ela “não terminou o serviço”. Boa piada, criança estranha. Legal. Matamos pessoas?
Então no episódio 2 ou 3, ela descobre que o pai dela pode ter assassinado alguém. E ela fica chocada. Parece que o roteiro foi feito para outro personagem e adaptado depois.
Isso vale para como ela fica chocada depois de ver o monstro, mesmo estando em uma escola cheia de lobisomens. Me incomoda um pouco.
História de Detetive sem detetive:
A Wandinha é muito habilidosa em tudo que dê cenas estilosas (luta, esgrima, dança), mas com certeza ela não é detetive. Ela fica falando de resolver o caso, mas a maior parte das descobertas dela se resumem em perambular por aí até esbarrar em algo que ative uma visão.
E isso deixa me deu uma cansada. Toda a história da cidade é contada em uma visão de uns 5 minutos quase.
Adolescente mala:
Criança super capaz é divertido. Adolescente super capaz não é tão legal. Eu acho a personagem muito pedante e muito verborrágica. Eu acho uma preguiça de roteiro quando alguém precisa dizer que é muito bom em alguma coisa. É preguiçoso, exceto quando a pessoa está mentindo e a graça é essa.
Então (para mim!) quando a personagem fala: “Você acha que eu não sentiria o seu cheiro com meu olfato super treinado?”, me incomoda.
E isso é o que mais me incomodou nos três primeiros episódios. Diálogos mal escritos. Como a personagem precisa se auto-afirmar de forma que fique claro até para o espectador mais desatento e sem noção. A Wandinha passa os três primeiros episódios dizendo coisas do tipo: “Eu não tenho amigos”, “Eu não gosto de abraços”, “Me salvar é um clichê patriarcal”, “Eu vou dominar essa escola rapidinho”, “Sou boa com facas”, “Sou foda”.
Eu não lembro exatamente das falas, mas lembro que achei os diálogos muito mal escritos nos três primeiros episódios. Depois desse setup, (e da patética gincana de barco com roupa de gatinho) a coisa engrena e os diálogos melhoram também.
Mas eu quase desisti da série.
A Família Addams:
O Feioso é o personagem mais deprimente dessa série. Ele é um moleque doido maneiro nas versões animadas. Completamente alucinado e explosivo. Sempre à sombra da irmã porque ela é muito habilidosa e mais velha, mas ele era maneiro. Aqui ele é só um moleque triste que sofre bullying de pessoas normais. É a coisa mais patética da série.
A Mortícia é demais. Meu deus, que mulher! Ela caminha e parece que está deslizando sem tocar o chão. O Gomes e o Tropeço aparecem pouco. E o Mãozinha brilha como sempre.
Eu sempre achei que os Addams fossem virtualmente imortais. Eles sempre estão se explodindo e envenenando. Mas aqui na série parece que eles podem se ferir normalmente.
Até tem uma saída de roteiro bem safada no final para a Wandinha se curar do nada. Mas não vou comentar para não dar spoiler.
Concluindo:
Eu falei muito mal, mas eu gostei da série. Eu gosto de ressaltar os problemas porque já tem gente demais só falando das coisas boas sem nenhum senso crítico.
Vale a pena assistir. Até recomendo. Mas é uma série que tem seus problemas.
Não dá para olhar apenas com o olhar de “Olha que legal, ela é diferentona, amei. Super me identifico. Olha para mim.”.
A gente é melhor do que isso.
Então é isso. Série divertida até. Até gostei do final.
Mas e você, já assistiu? Discorda de tudo o que eu falei?
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Um abraço.
E tchau.