ALIEN: Surgido das Sombras (livro) – resenha

Salve,salve, seres humanos da terra e xenomorfos dos espaço.
Alien é uma das maiores franquias de terror e de ficção científica e completa 40 anos agora em 2019. No final do ano passado eu comprei toda a trilogia de livros da Leya, sem saber muito do que se tratava, e terminei de ler o primeiro agora. Então hoje eu vou dar o meu humilde pitaco sobre ALIEN: Surgido das Sombras.

ALIEN: SURGIDO DAS SOMBRAS, por Tim Lebbon – resenha

Esse post vai ter spoiler porque eu vou precisar explicar onde ele entra no meio da cronologia da franquia Alien. Eu não queria ter que fazer isso, mas é impossível explicar esse troço sem dar spoiler. Então vamos lá.

A história se passa na Marion, uma nave de mineração que está minerando um metal raro em um planeta distante da terra. Obviamente os mineradores encontram Aliens no planeta, morre um monte de gente, eles tentam fugir de volta para a Marion nas naves menores, mas os Aliens estão dentro delas e elas perdem o controle. Então uma das naves auxiliares colide com a Marion e tudo vira um inferno.

O impacto de uma das naves auxiliares na Marion destrói a nave, coloca ela em uma rota descendente (caindo) no planeta. Além disso, uma das naves atraca e dentro dela tem alguns Xenomorfos em estado de hibernação. Os tripulantes da Marion não sabem do que se tratam, mas sabem que se tratam de um tipo sinistro de criatura.

Então, do nada, chega uma nave e atraca na Marion, a nave é a Narcissus, a nave de fuga usada pela Ellen Ripley no primeiro filme: Alien: O Oitavo Passageiro.

 

Aí que a coisa complica, por que essa história parece que se passa logo depois do primeiro filme, mas, a princípio, contradiz/ignora o que acontece no segundo filme (Aliens: O Resgate). Acontece que eles dão um jeito bem safado para resolver isso. Eu vou tentar explicar, mas daqui para frente vai ter spoiler. Então esteja avisado.

Relembrando:

No primeiro filme, a Ripley está lá na Nostromo e eles encontram os Aliens no planeta O Alien entra na nave e começa a matar todo mundo e você descobre que um dos tripulantes, Ash, é um androide que tem como missão encontrar vida alienígena e levar de volta para a terra. Então a tripulação quer sobreviver e o Ash quer mais dar um jeito de prender o monstro na nave e voltar para casa. No fim, só a Ripley sobrevive, destrói o Ash, joga o Alien no espaço e consegue fugir na Narcissus. Até aí tudo bem.

No segundo filme (Aliens: O Resgate), Ripley chega na terra 57 anos depois e aí começa toda uma aventura por que ninguém acredita nela, mas isso é outra história.

 

Voltando para o livro:

A pergunta que fica é: “Se essa história se passa depois do primeiro filme, ela anula os outros filmes?”. A resposta é: não necessariamente. E como resolveram isso? Senta aí que a explicação é longa.

Nesse livro, Ripley chega na Marion 37 anos depois do primeiro filme (20 anos antes do segundo). Eles vivem uma enorme aventura tendo que descer no planeta para pegar uma bateria sobressalente para a Narcissus. No processo toda a tripulação da Marion vai morrendo um a um enquanto percebemos que Ash copiou a sua mente para a Narcissus. Durante todo o processo Ripley tem sonhos terríveis e apresenta um baita estresse pós traumático devido aos eventos na Nostromo e agora na Marion.

No finalzinho, ela está muito ferida e é colocada em uma daquelas máquinas médicas fodonas da série. Então ela pede para que apaguem as memórias dela para que ela se cure do trauma. Apagam as memórias dela, colocam ela de volta na Narcissus e Hoop, o protagonista tem que se sacrificar no final para salvá-la.

Então, safadamente, o livro termina com a Ripley na mesma nave em que ela chegou, sem as memórias dessa história e de volta ao espaço. Ou seja, ela pode chegar na terra para viver as aventuras de Aliens: O Resgate, e isso explica por que ela viveu aventuras no espaço, mas não se lembra delas. Legal né? Mais ou menos.

É uma solução bem safada, mas serviu para enfiar uma história entre os filmes 1 e 2 explicando por que essa história não afeta as memórias da Ripley para o filme 2.

Ufa. É isso.

O que eu achei de Alien: Surgidos das Sombras?

Eu entendo perfeitamente que o Tim Lebbon (é autor desse livro, mas não da trilogia toda) teve uma tarefa ingrata: enfiar uma história no meio da série sem comprometer a consistência do negócio. Entendo mesmo. Por outro lado, a safadeza da solução de apagar a memória é tão safada que me deu um pouco de asco no final do livro. Então eu terminei de ler o livro e pensei: “Olha a audácia desse filho da puta.”

Tirando isso, é um excelente livro de terror. Ele te passa tensão com maestria e te deixa pensando “não tem como essa galera sair dessa”, quase o tempo todo. O terror causado pelos Aliens, pelas maquinações de uma IA do mal, pela catástrofe iminente da Marion e pela total falta de expectativa de resgate, te fazem entender quão perigoso é trabalhar no espaço.

O cenário é desalentador e desesperançoso a maior parte do livro (apesar de você saber que a Ripley vai sobreviver invariavelmente). É um livro terrível e doloroso (no bom sentido).

Os outros personagens são bem interessantes e muito heroicos em seus momentos. E as mortes são muito legais e totalmente horríveis. Ninguém morre rápido e de uma forma tranquila. É sempre doloroso, sangrento e espalhafatoso. Do jeito que tem que ser. As mortes são muito legais.

O que me incomodou um pouco é a descrição das geografias. Eu nunca conseguia entender quem estava aonde, se era para cima, se era para baixo, quem estava atirando, caindo, correndo ou lutando. As descrições são muito confusas (nem sempre de propósito) e isso é um problema.

Em resumo:

No geral o livro é bem legal. Tem uma revelação importante que acontece nas minas, que pode abrir um pouco de especulação sobre o universo Alien, mas como os personagens estão mais interessados em sobreviver, nunca vamos saber o que os símbolos significam. Isso é muito interessante, quer dizer, nem sempre da para revelar todos os segredos. As vezes os mistérios continuam como mistérios. Não da para bancar o arqueólogo quando os Xenomorfos estão atrás de você.

É um bom livro. Ele te prende em uma aventura sinistra e acaba no tempo certo. Recomendo.

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Então é isso, um livro meio safado, mas tecnicamente muito bom. Eu recomendo mesmo assim.
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Uma abraço.
E tchau.