As Memórias do Livro (livro) – resenha
Salve, salve, seres humanos da terra,
Já fazia tempo que eu não revisava nenhum livro e isso tem dois motivos muito justos. Primeiro que recentemente eu li umas paradas que não achei que valessem a pena comentar e segundo que eu estou lendo bem devagar no momento. Pois bem, recentemente terminei o As Memórias do Livro e vou comentar sobre ele.
As Memórias do Livro: Romance Sobre o Manuscrito de Sarajevo.
A sinopse do livro é a seguinte:
Hanna Heath é uma australiana, historiadora e especialista em conservação de livros. Ela é convocada para ir até Sarajevo (capital da Bósnia) para trabalhar com a Hagadá de Sarajevo, um livro clássico que havia sumido quatro anos antes e reaparecido recentemente (1999).
Mais do que a história de Hanna, esse livro foca na história da Hagadá e em como esse livro que é da cultura judaica, mas foge ao estilo de sua época, foi criado e como sobreviveu durante a história.
Para que você entenda melhor eu preciso explicar o que é essa tal de Hagadá de Sarajevo (o livro explica muito melhor é claro).
Hagadás e cultura Judaica:
Uma Hagadá é um livro de celebração da cultura judaica. É um livro com as regras e os rituais que os judeus devem cumprir durante a páscoa. É um livro simples e toda família judia tem uma cópia.
A Hagadá de Sarajevo é especial por que é uma versão especial de um desses livros. Ela é uma Hagadá datada do século 15 e contém ilustrações de pessoas, o que costumava ser proibido para o povo judeu. Além disso, as páginas são muito trabalhadas, com folha de ouro e tintas caras, o que é estranho se tratando de um livro que deveria ser comum.
E tem também o fato mais estranho que, em uma das cenas de celebração da ceia de páscoa, há uma pessoa negra com trajes muçulmanos, o que não seria comum também.
Então esse é um livro que existe de verdade e é cheio de mistérios. Quem pintou as ilustrações, um judeu quebrando a lei sagrada ou outra pessoa pintou para eles? Por que uma Hagadá recebeu um trabalho tão fino? Quem era a mulher muçulmana na figura da ceia? Essas são as perguntas do livro.
A Hagadá de Sarajevo:
A Hagadá estava em Sarajevo e a cidade a ostentava como um símbolo da multiplicidade cultural e religiosa da cidade. O livro sumiu em 1995, durante o cerco à Sarajevo e em 1999 descobriu-se que o livro foi salvo por um muçulmano, chefe do museu.
Muito já se descobriu sobre a história do livro, mas muito ainda está em aberto. E é aí que entra a autora, Geraldine Brooks.
Geraldine Brooks é jornalista e trabalhou cobrindo a guerra na Bósnia, onde ficou sabendo da história da Hagadá. Então ela decidiu escrever o livro e juntou vários fatos conhecidos e preencheu as lacunas com uma narrativa ficcional muito interessante.
Então, As Memórias do Livro, é um livro ficcional. Ele responde em forma de ficção algumas perguntas que ainda estão em aberto (como o livro sobreviveu à destruição de livros promovido pelo nazismo? como o livro sobreviveu à expulsão dos Judeus da Espanha? Como o livro conseguiu ser aprovado e salvo durante a inquisição?), mas tudo isso com um pé muito forte na história real dessa misteriosa Hagadá.
A estrutura do livro é uma estrutura de flashbacks históricos. Hanna investiga o livro, encontra pistas e logo em seguida vem um capítulo que explica aquela pista. Os capítulos de flashback seguem para o passado até a criação do livro no século XV.
O que eu achei de As Memórias do Livro?
O livro é muito bem escrito e tem méritos muito grandes em algumas escolhas de estilo. A narrativa cortada, que liga a história da Hanna e a história secreta do livro, funciona muito bem e consegue te prender a atenção nos dois campos. O que vai acontecer com a Hanna? De onde vem esse livro?
Além disso, a autora é muito boa em te fazer se preocupar com personagens muito rapidamente. Cada capítulo de flashback tem um personagem central que está com sérios problemas. Rapidamente você identifica esses problemas e fica querendo saber como essa pessoa vai se safar dessa. E isso funciona muito bem.
Um ponto a se destacar é que esse livro foca muito em como os judeus e as mulheres (no geral) foram mal tratados durante toda a história. Algumas histórias são especialmente tristes nesse sentido.
No final tem uma reviravolta meio maluca que me parece meio fantasiosa, mas funciona para agitar as coisas no fim do livro.
Em resumo:
É um livro excelente para quem gosta da história dos povos pelo mundo. É um livro que me tocou por tratar de pessoas que amam a humanidade e a cultura e querem preservá-la, mesmo que para isso tenham que correr risco de vida.
E se foi tocante para mim, imagino que seja ainda mais para quem é judeu.
É um livro muito legal e gostoso de ler. Recomendo muito.
Então é isso, um livro bem legal para você conhecer mais da história. Eu curti.
E você, conhecia esse livro? Ficou interessado?
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Um abraço.
E tchau.
