A Piada Mortal (quadrinhos) – resenha

Salve, salve, seres humanos malucos da terra.
O filme do Coringa está chegando e não se fala de outra coisa nessa tal de internet. Para participar de um podcast, eu reli A Piada Mortal, um clássico dos anos 80 que define a história do Coringa como conhecemos até hoje. Então vamos falar desse belo gibi.

A Piada Mortal capa

A Piada Mortal é uma história oneshot de 48 páginas, escrita pelo mestre Alan Moore (Watchmen, Promethea, Liga Extraordinária, A Voz do Fogo) e desenhada elo Brian Bolland (Camelot 3000, Batman Preto e Branco). Esse quadrinho é considerado, até hoje, a origem definitiva do Coringa, que é um dos maiores vilões da DC Comics e dos quadrinhos como um todo.

Contexto histórico:

A Piada Mortal foi publicada em 1988, pouco tempo depois da Crise nas Infinitas Terras, um momento onde vários personagens estavam sendo remodelados. O Superman estava tendo o passado de Krypton reescrito pelo Byrne, a Mulher Maravilha estava sendo reinserida no universo pós-crise pelo George Perez e o Batman estava tendo o passado e o futuro reescritos pelo Frank Miller em Batman: O Cavaleiro das Trevas e Batman: Ano 1.

Eu não sei exatamente como surge a ideia de reescrever a história do Coringa, mas me parece razoável, dado que a única origem dele era aquela contada em The Man Behind the Red Hood (Detective Comics 168, 1951). Acontece que essas histórias dos anos 50, ainda estariam na Terra 2. O Coringa da Terra 1 já era mais sombrio e perigoso, mas não tinha a história contada ainda.

Então, nesse novo universo pós-crise, que tentava ser mais sério, não cabiam as origens da Era de Ouro. Então assim surge A Piada Mortal, recolocando o Coringa como um dos grandes vilões da DC.

The Killing Joke fight

A Piada Mortal:

Nessa história, o Coringa foge do Arkham e começa e põe em prática um plano para provar um ponto de vista: a ideia de que qualquer um pode se tornar um monstro. Basta que essa pessoa tenha um dia ruim. Enquanto a história acontece, vemos flashbacks de uma história que pode ser a história real do Coringa.

Nessa versão, o Coringa era um comediante fracassado, desempregado e com a esposa grávida. Para dar uma condição melhor para sua família, ele aceita participar de um roubo em uma empresa de produtos químicos. Então, no dia, a esposa dele morre, ele é obrigado a seguir com o assalto, mas é impedido pelo Batman e acaba caindo em um tonel de produtos químicos. A química faz com que ele fique com a pele branca, os cabelos verdes e toda a loucura do dia o torna louco. Essa é a história secreta do Coringa (resumindo muito).

A Piada Mortal


No presente, o Coringa tenta provar sua tese de que um dia ruim pode tornar o mais racional dos homens em um maluco homicida. Então ele escolhe o comissário Gordon como alvo.

Para isso, ele compra um circo, invade a casa do Comissário, atira na Bárbara Gordon (ex Batgirl) deixando-a paraplégica (por isso que ela vai virar oráculo depois) e sequestra o Comissário para uma sessão de tortura psicológica em seu circo de aberrações.

A Piada Mortal Bárbara Gordon


Depois da tortura o Batman chega lá para enfrentar o Coringa. O Comissário resiste à tortura e continua sendo um cara correto. Rola uma porradaria do Batman e do Coringa e no fim o Coringa conta a piada sobre duas pessoas loucas tentando fugir do hospício.

Então acontece isso aqui (essa é a última página da revista):

A Piada Mortal última página

A Polêmica:

Não vou explicar qual a piada, mas o Batman riu.

O negócio é que tem gente que jura de pé junto que o Batman mata o Coringa nessa página. Isso é uma polêmica enorme que eu não vou entrar até porque eu nem acho ela interessante. O que importa mesmo é que a história é canônica. Bárbara Gordon fica mesmo paraplégica, usando uma cadeira de rodas e o Coringa continua vivo.

Fim da Polêmica.

The Killing Joke

O que eu acho de A Piada Mortal:

Falo sem dó nenhuma que esse é um dos grandes clássicos da DC. É leitura obrigatória para quem gosta do Coringa e para quem quer aprender um pouco sobre narrativa de quadrinhos.

Nesse gibi, os autores utilizam uma técnica incrível de transição baseado em forma. Você corta de uma cena para outra (seja uma transição no espaço ou no tempo), utilizando elementos que se pareçam em forma. Isso é feito o tempo todo e é uma obra de arte.

A Piada Mortal
Corte do presente para o passado usando a forma como conexão

O desenho é sensacional, você já viu nas imagens que eu coloquei aí. E a narrativa do Alan Moore é fantástica.

É importante ressaltar que talvez essa não seja a origem do Coringa de fato (é a minha teoria), até porque ele mesmo fala que pode ser ou não. Mas é a mais válida e mais reconhecida.

Então é isso, se você quer saber mais sobre o Coringa antes do filme, é esse gibi que você precisa ler. E aproveita que ele é curtinho (são 48 páginas se não me engano).

A Piada Mortal

Então é isso. Um gibi sensacional que eu recomendo muito.
E você, já leu?
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Um abraço.
E tchau.

Vulto

Desprezível.

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8 Resultados

  1. Mestre Vulto, eu perigo apanhar na rua por dizer isso, mas na real nem considero a história tão boa assim. Acho uma história legal, rgular, muito mais engrandecida pela arte de Brian Bolland do que pela narrativa.

    Tudo bem, ela tem aquelas ótimas manias narrativas do Alan Moore, que graficamente “espelham” momentos do passado e presente através de composições gráficas e tal, mas é uma história legal e não muito além.

    E digo isso porque, se você tirar todas as alegorias usadas pra causar choque no leitor (o “estupro” de Barbara Gordon, a tentativa de enlouquecer o comissário, a história previsivelmente trágica do Coringa enquanto comediante frustrado) o que mata a história pra mim é o Coringa estar “são”. Ele não apenas se despe de sua capa de loucura pra conversar tete-a-tete com Batman, mas tenta justificar seus atos tentando replicar em outros (o Comissário) o que o fez ser o que é. E o resultado da história, pra mim, é que o Coringa sequer é louco: ele é só um cabra mau pra caralho usando a loucura como fachada pra legitimar quem é e o que faz.

    Como se fosse um moleque babaca usando artifícios pra escapar de uma surra dos pais. E isso o torna menor vilão do que poderia ser enquanto representação máxima da loucura e instabilidade.

    Mas dito isso, é uma boa história. Só não a considero assim, um clássico, mas é boa sim.

    Abração e desculpa o comentário muito longo. 8)

    • Vulto disse:

      Eu participei de um podcast esses dias e lá eu comento que eu não levo fé que essa seja de fato a origem do Coringa. Me parece mais razoável que ele tenha bolado um plano (ou não) e que ele adéqua a suposta história dele para justificar o plano (Isso justificaria as transições). Ele mesmo fala que não tem certeza se a história é essa.

      O problema é que todo mundo baba ovo do Alan Moore e ninguém quis escrever outra história nunca.

      O Morrison entra nessa linha e diz que o Coringa não tem personalidade definida. Toda vez que ele entra e sai do Arkham ele assume uma nova persona (que poderia ter uma origem diferente). Pensando assim, faz sentido ter uma história onde o Coringa é mais normal, porque isso seria estranho no contexto.

      Dessa forma cabe tudo, o Coringa bobo dos anos 50/60, o Coringa gangster do Azarello, o Coringa anarquista do Heath Ledger e até o Coringa que quer combater o crime como Batcoringa

      Isso fica claro para mim, porque o Coringa esquece completamente essa narrativa de “Um dia ruim pode tornar blablabla…”. Não é como o Flash Reverso 2 que tem como base do personagem a teoria de que “heróis melhores precisam de tragédias”.

      Daí em resumo é isso. Eu entendo que tentar explicar o Coringa só piora o personagem (e aí os caras receberam uma missão ingrata), mas a história funciona muito melhor se você não levar a história à sério.

      Valew pelo comentário.

      Ah sim! Um spoiler. No dia 3 vai sair um outro post sobre o Coringa, mas dessa vez o CORINGA RAIZ. Aguarde 😉

  2. Miranda Zero disse:

    Ótima resenha Vulto.
    Usei algumas informações para um post meu. Naquele projeto lá que você sabe qual é 😉

  1. 17 dezembro, 2021

    […] em 1988 o personagem tem sua origem recontada em A Piada Mortal, um clássico dos quadrinhos. Desde então o Coringa reganhou o merecido status de maluco perigoso […]

  2. 16 maio, 2023

    […] verdade depois da Crise ela está aposentada e só. Então, em 1988, Alan Moore escreve a Piada Mortal, onde o Coringa quer quebrar o Comissário Gordon. Então ele ataca a casa do velho e atira na […]

  3. 12 dezembro, 2023

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