Revolta da Vacina (hq) – resenha sem spoilers

Salve, salve, seres humanos da terra.
Hoje é dia de falar de quadrinhos e eu trouxe um material brasileiro. Já teve tempos que eu fazia mais, mas veio a pobreza e eu dei um tempo nos apoios do Catarse. Mas vamos lá que hoje é dia de falar de Revolta da Vacina.

Revolta da Vacina é uma história em quadrinhos do André Diniz e saiu pela Darkside Books, que me mandou numa belíssima cortesia, junto com um outro livro que vai virar resenha aqui ainda. Eu tenho que comentar algumas coisas da edição da Darkside, mas deixa para depois. Então vamos falar de história.

Revolta da Vacina:

Revolta da Vacina conta a história de Zelito, que tem a vida mudada quando seu irmão Azelino falece. A família é muito conservadora, o Azelino era o menino de ouro da família e Zelito era o ovelha negra. Zelito tem o sonho de ser desenhista.

Azelino dá um sermão em Zelito antes de morrer e, com a morte do irmão, Zelito fica com todas as expectativas da família, mesmo nem tendo 18 anos ainda.

Ele e o pai brigam e o pai faz uma aposta. Zelito vai para o Rio de Janeiro e vai viver lá às custas do pai por 6 meses. Ele tem 6 meses para ser o maior ilustrador do país. Então Zelito para para o Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro: 1904

A história se passa em 1904, o ano da Revolta da Vacina (é claro). Em 1904 o presidente era Rodrigue Alves e a cidade do Rio de Janeiro era a capital federal da jovem República do Brasil. Rodrigues Alves tinha um plano de modernizar a cidade que era a porta de entrada para estrangeiros em território nacional. Ele queria transformar a cidade em uma “Paris dos trópicos”.

Para isso foi contratado o engenheiro Pereira Passos e começou a planejar as reformas da cidade. Alargamento de ruas, criação de grandes átrios e, principalmente, expulsar a população pobre do centro da cidade.

Em meio a esse contexto todo, ruas abertas, trabalhadores vindo de todo o Brasil para as obras, a cidade virou um mar de doenças.

“No verão o porto e a cidade são atacados pela febre amarela.. No inverno o inimigo é a varíola. Por todos os lados há cólera e surtos de peste bubônica. Na falta de um hospital, tuberculosos buscam refúgios em cortiços e favelas. Esse é o triste retrato do Rio de Janeiro, onde os esforços do Dr. Oswaldo Cruz estão longe de chegar ao fim. Quatro entre cinco imigrantes que descem em seu post sucumbem à febre amarela. […] O Rio, a antiga corte, é uma vergonha nacional.”

Além disso, nesse cenário também aparece o sanitarista Oswaldo Cruz, com seu plano de vacinação.

De volta à história:

Então nesse cenário de caos temos Zelito chegando no Rio de Janeiro. Com um sonho, mas sem dinheiro, sem experiência e sem muito talento também. Ele vai procurar um lugar para morar em uma cidade que está sendo demolida e procurar emprego nos jornais em meio a uma crise.

No Rio ele conhece Soledad, seu pai velho maldito e vários funcionários de vários jornais, o que vai colocar Zelito no centro da ação. No meio da história acontece a tal da revolta da Vacina, é óbvio, mas não posso contar mais do que isso. Até porque a história é bem curtinha. Então mais do que isso eu conto o final.

A Revolta da Vacina:

Então depois do fim da história, tem um texto do Luiz Antônio Simas contextualizando um pouco mais a Revolta da Vacina. Além da história da Vacina, existiam vários fatores raciais e sociais dos quais não falamos muito. Eu poderia tentar resumir, mas o texto do Simas é sensacional e abre uma nova visão sobre o tema. Então recomendo que você leia mesmo.

Além disso, no final da edição tem um compiladão de charges da época. É bom para ver um panorama geral da insatisfação popular.

O que eu achei de A Revolta da Vacina?

Esse quadrinho é muito maneiro! A história é fluida, dinâmica e bem curtinha. Então ela conta o que tem que contar, sem muita enrolação, mas tem seus momentos contemplativos ainda assim.

A arte é bem estilizada, me lembra um pouco umas artes de literatura de cordel. Não sei explicar, mas é bem diferenciado.

Uma coisa interessante é que a história é bem realista (do movimento literário do realismo mesmo), então tudo é uma merda, o mundo é uma merda, a família é preconceituosa, o protagonista é burro e só faz merda. A situação social também não ajudava né e isso é a parte real da história.

Concluindo: Bom material, boa edição, bom acabamento. Está tudo lindo e maravilhoso. Recomendo demais.

E agradecer aos lindos da Darkside Books que me mandou essa belezinha diretamente para a minha residência. Se comprar, compre pelo site da editora mesmo.

E se quiser me mandar mais coisa eu não reclamo não. Pode mandar que eu resenho tudo. E vale para outras editoras também.

Então é isso, gibi brasileiro excelente. E você ainda um pouco de história. Recomendadíssimo!
Mas e você, manja de história do Brasil?
Deixe sua opinião aqui na área de comentários.
Curta a fanpage, siga no twitter e no instagram.
Compartilhe esse post.
Um abraço.
E tchau.