A Substância (2024) – resenha sem spoilers

Salve, salve, seres humanos da terra.
Esses dias eu fui no cinema e eu preciso falar desse filme que é lançamento! ÊÊêê! Isso aqui é raridade porque eu sou pobre, mas hoje tem lançamento. Então vamos nessa com A Substância.

A Substância

A Substância é um filme de Coralie Fargeat, que é uma diretora e roteirista que eu não conheço. Vi aqui que ela dirigiu um dos episódios de Sandman e uns filmes que eu não assisti.

O filme é um horror sci-fi e conta a história de uma mulher que se submete a um experimento maluco com uma substância (A Substância) que promete trazer para fora a sua melhor versão. A protagonista, Elizabeth (Demi Moore), é uma ex-estrela de cinema, já foi famosa, acho que já ganhou Oscar, mas está meio esquecida. Ela é ainda é rica, mas está fazendo um programa matinal de ginástica. Ela é linda, mas está ficando velha e para o meio do showbiz envelhecer é um pecado mortal. Então ela é demitida, fica meio sem rumo e conhece o tal experimento maluco do filme.

A Substância:

O experimento é o seguinte: É uma substância que você toma e sai das suas costas uma nova versão de você, mais jovem, mais bonita, mais forte: “a sua melhor versão”. Sua mente vai para esse corpo novo, o corpo velho fica sendo alimentado por uma sonda. Uma vez por dia o corpo novo precisa ser estabilizado com líquido de medula do corpo original. E, mais importante, você precisa voltar para seu corpo original depois de 7 dias. Então você vive 7 dias no corpo novo, 7 no antigo e depois pode voltar. 7 dias em um corpo, 7 dias em outro. Essa é a regra. Simples assim.

Então Elizabeth pega a parada na biqueira, faz o experimento e ganha um corpo novinho que ela chama de Sue (Margaret Qualley), jovem, bonita e gostosa, com o corpo todo durinho e toda padrãozinho. Ela rapidamente consegue o trabalho de volta (como Sue) e começa um novo programa de Dança. A vida dela é perfeita e linda demais, mas então ela tem que voltar a ser a Elizabeth.

As coisas começam a dar errado, quando Sue começa a querer não trocar de volta. Na verdade, esse é o lance do filme. Não é a Sue que não quer trocar de volta, porque elas são mesma pessoa. O mais correto é dizer que a Elizabeth fica viciada em ser Sue e não quer voltar. Mas isso viola as regras do experimento e essas regras estão lá por um motivo. A substâncias tem suas próprias regras.

E eu já contei demais, não vou contar como acaba.

O que eu achei de A Substância?

A Substância Demi Moore

Esse filme é muito foda. Ele tem uma mensagem elegante sobre beleza e sobre a crueldade do mundo que exige que você seja sua melhor versão, mas não te ajuda a lidar co os danos (físicos e psicológicos) dessa busca utópica. Também fala sobre o horror que é o showbiz, com um monte de velho branco podre cobrando que você (as mulheres) seja perfeita o tempo todo.

Porém, enquanto isso, ele te joga na cara um filme de horror trash com orçamento grande demais para ser verdade. Tem body horror, tem cena nojenta, sangue rolando e até cenas constrangedoramente engraçadas sobre cair aos pedaços, meio que literalmente.

Autoimagem de uma batalha perdida:

A grande discussão do filme é sobre a identidade e como pode-se perder essa identidade ao entrar em um conflito (que não se pode vencer) contra uma versão idealizada de si mesmo. Tem uma cena poderosíssima, onde a Elizabeth quer sair com uma pessoa que acha ela linda (“a pessoa mais linda do mundo”), mas não consegue porque antes de sair ela se depara com um billboard (outdoor?) com a imagem da Sue… que é ela mesma.

Elizabeth, que é linda, não consegue se comparar com a Sue que é uma utopia de si mesma. Isso diz muito sobre essa busca da perfeição. Ela é impossível, dolorosa, destrói a pessoa no processo e, mesmo que alcançada em um breve momento, se torna um fardo, porque te joga numa competição impossível de vencer, mesmo que o inimigo seja uma ficção de você mesmo.

O filme é legal demais. Ele te apresenta o conceito de uma forma simples de entender, não enrola muito com explicações científicas (é quase weird fiction), mas te joga na dor de uma mulher que linda que sofre por não ser “perfeita”. Tem seus elementos de drama e sofrimento genuíno, mas também não cai no dramalhão. Ele aceita que é absurdo e vira um nonsense completamente biruta e divertido num final escalafobético.

Comida:

A Substância

Outro tema interessante que o filme aborda é sobre compulsão alimentar. Enquanto a Sue é perfeita, Elizabeth come muito, o que deixa a Sue preocupada com sua aparência (mesmo que ela continue perfeita). E quanto mais Elizabeth odeia a Sue (odeia a si mesma), mais ela come. Essa relação de tratar a comida como um jeito de se ferir é algo bem conhecido por quem estuda/sofre de distúrbios alimentares. É uma solução bem elegante do filme.

O filme é muito gráfico e over estético. Então quando é para ter violência, é muita violência (a câmera não desvia), quando tem gore é bastante gore e, não menos importante, quando querem mostrar que a Sue é gostosa, o filme tem muitos, muitos mesmo, close de bunda. Muito close mesmo.

Resumindo, para acabar, filmão. Gostoso de assistir. Surpreendente, divertido e profundo sem ser pedante. Adorei. Recomendo para quem aguenta assistir filme gore.

A Substância ainda está nos cinemas. Um abraço aos queridos que me indicaram esse filme e que foram ver comigo. Vocês são uns lindos.

Então é isso. Filmaço. Recomendo.
Mas e você, se submeteria a um teste maluco para ser o melhor você?
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Um abraço.
E tchau.

Vulto

Desprezível.

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