Vinis são sexy agora – resenha de Alta Fidelidade

Salve, salve, seres humanos da terra.
Hoje é dia de mais uma resenha do nosso queridão Vinicius Schiavini o nosso mastermind da Kombo. Hoje ele fala sobre a série Alta Fidelidade, além de todo o background até chegar nela.

Então vamos lá. Daqui para frente o texto é do Schias.

Vinis são sexy – por Vinícius Schiavini

Alta Fidelidade

Nick Hornby é um cara legal.

Qualquer jovem ligado a escrever, a música ou qualquer coisa próxima no final dos anos 1990 queria ser Nick Hornby ou Cameron Crowe. (Pra tirar da frente: Cameron Crowe foi repórter da Rolling Stone, depois escreveu e dirigiu filmes como Quase Famosos, Jerry Maguire e Vanilla Sky)

Nick Hornby escreveu livros que expressam como é a mente de alguém que adora música. E aí entra algo que eu sempre digo: não existe “nerd de tudo”, ou “pessoa que entende de tudo”. Todo mundo tem áreas em que desenvolve melhor suas ideias, suas pesquisas, etc. Eu, por exemplo, tenho isso com séries e música. Guarde esta informação.

Um dos mais famosos livros de Nick Hornby é Alta Fidelidade, sobre Rob Gordon, dono de uma loja de vinis em Londres nos anos 1990 que sofre com o final do namoro enquanto faz listas musicais com tudo em sua vida. O mais interessante é como a loja de vinis reflete sua vida: com a ascensão de CDs e fitas, a loja está praticamente vazia.

Adaptações:

Em 2000, Alta Fidelidade virou filme, com John Cusack como Rob. Posso dizer: John Cusack nasceu para ser atormentado. Não ator, atormentado. Se ele fosse testador de sabores de sorvete ou distribuidor do Jornal da Prata, sobre notícias do mercado da prata, ele seria o mais atormentado dentre todos que realizam tal feito. Então, se há alguém que pode demonstrar como Rob Gordon ficou destroçado com o final do namoro, é John Cusack. Nunca o chame para seu aniversário – ou melhor, chame, é um ator de Hollywood. Hornby disse que o filme é quase uma transcrição do livro. No filme estão o ainda-ligeiramente-desconhecido Jack Black, Catherine Zeta-Jones (como uma ex de Rob) e Bruce Springsteen.

Isso abriu caminho para que outras obras de Hornby virassem filmes, como Um Grande Garoto (About a Boy), com Hugh Grant e Nicholas Hoult (o Fera dos mais recentes filmes dos X-Men), Toni Collette e Rachel Weisz. Toda a trilha foi composta por Badly Drawn Boy, e o filme fez 4 vezes seu valor nas bilheterias.

Tempo passou, e o caminho inverso começou a acontecer: About a Boy virou série na NBC, e durou duas temporadas. É a melhor série do mundo? Não, até porque a TV aberta teve de aguar um pouco do cinismo do personagem principal, mas vida que segue.

Porém, veja só, isso abriu novos caminhos para Hornby, e agora Alta Fidelidade virou série de TV. Mas com coisas diferentes.

Alta Fidelidade – a série:

A produção é de Veronica West e Sarah Kucserska, duas roteiristas premiadas que trabalharam em séries bem diferentes entre si, como Hart of Dixie e Ugly Betty. Em 2018, a Disney anunciou que produziria a série já para seu novo serviço de streaming Disney+. Porém, a Disney mudou a série para o Hulu, já que o Disney+ é seu streaming mais família, enquanto o Hulu permite abranger coisas mais adultas.

Zoë Kravitz, filha de Lenny Kravitz, foi confirmada como a nova Rob Gordon. Kravitz fez obras como X-Men Primeira Classe, Mad Max Estrada da Fúria e será a Mulher-Gato no vindouro filme do Batman. O curioso é que a mãe dela é Lisa Bonet, que está no filme Alta Fidelidade.

Na série, Rob (de Robyn desta vez) é a proprietária de uma loja de vinis em Nova York e tem todos os problemas de relacionamento que as outras versões, buscando, em dez episódios, entender o que levou ao final de cada relacionamento. A falta de maturidade de Rob é basicamente a mesma mas, com dez episódios, é possível desenvolver os resultados disso com mais tranquilidade – uma enorme vantagem para a série.

O estilo de Kravitz permite que ela não seja atormentada e amargurada como Cusack, mas sim uma Rob que consegue disfarçar melhor a dor que está sentindo por dentro. Aliás, é interessante que a maior expressão de sua dor é quando ela contracena com uma alucinação de Debbie Harry.

Rob Gordon, aqui, não enfrenta seus problemas tampouco sofre por eles, mas sempre busca um subterfúgio, uma fuga… até que, no seu aniversário, ela sente o resultado de tudo isso.

Como um fascinado por séries e música (falei pra guardar aquela informação), é claro que adorei quando a série saiu, e fui logo conferir os episódios. É um deleite ver como Rob ama música – principalmente quando ela está ouvindo Frank Zappa ainda criança e, quando questionada, diz algo mais “da moda” e bobo. Zoë Kravitz é hipnotizante, e suas referências musicais soam verdadeiras.

Pontos Negativos:

Devo, porém, levantar dois pontos negativos.

Da’Vine Joy Randolph interpreta Cherise, funcionária da loja de Rob e, o tempo todo, ela tenta ser uma emulação do que Jack Black fez no filme de 2000. Só que Jack Black é Jack Black. Ele é assim com as câmeras ligadas e desligadas. Ficou algo forçado.

E uma coisa me incomodou: a nudez de Kravitz. Você pode dizer que eu me incomodar com isso é bobagem, mas fato é que, no primeiro episódio, Rob transa com um cara e, durante a transa, ela tira a camiseta mas fica de sutiã – qualquer mulher pode dizer como sutiã tem potencial em ser incômodo. Porém, na cena seguinte, ao acordar, ela está só de calcinha, e os seios aparecem. Precisava? Não podiam resolver essa cena com ela acordando de camiseta? Achei isso gratuito e, considerando que a série é produzida por mulheres (incluindo aí a própria Kravitz), ficou algo incongruente.

Pontos Positivos

Três fatos sobrepõem estes. O primeiro é que cada episódio tem sua playlist em serviços de streaming, tamanha a quantidade de músicas citadas e tocadas. Os créditos são um deleite, porque não acabam antes das canções.

O segundo é a quebra absoluta quando temos um episódio focado em Simon, funcionário da loja e ex de Rob. Assim como ela, Simon fala com o espectador, quebrando não só a quarta parede como também tudo mais, ao revelar que ele entende como Rob usa a realidade como seu “querido diário”.

O terceiro é o mais engraçado: a loja de vinis. Ao contrário do livro e do filme, na série a loja em alguns momentos está cheia de clientes, como Rob querendo sempre ter pessoas perto. Chega a ser irônico quando se lembra das outras obras, mas fato é que, agora, vinis são sexy novamente.

E Rob nunca foi tão atraente.

Alta Fidelidade

Nota do Editor:

Pedi para o Schias escolher uma das playlists dos episódios para colocar aqui no post. Eu sei que tem como embedar playlist no post, mas não está funcionando. Então segue o link da playlist.

https://open.spotify.com/playlist/37i9dQZF1DWZ5kgu17cbcC

Alta Fidelidade

Então é isso, uma série que parece muito interessante. Eu fiquei interessado por toda essa história que o Schias narrou.
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Um abraço.
E tchau.

Vulto

Desprezível.

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