Clube da Luta (o livro) – resenha
Salve, salve, seres humanos da terra.
Finalmente eu li um livro que eu já queria ler a muito tempo, mas estava enrolando enormemente para comprar. Felizmente eu ganhei ele da Aninha, do PodProgramar, no Amigo X-Men que fizemos com o pessoal da podosfera. Estou falando do Clube da Luta, do Chuck Palahniuk.
Clube da Luta é o livro no qual o filme de 1999, que hoje tem status de Cult, se baseia. Como a história do livro é muito parecida com a do filme, e o filme é velho, não vou me poupar de dar spoiler aqui. Então se ainda não assistiu ao filme, assista. Ele é realmente muito bom.
A história é baseada em um personagem do qual não sabemos o nome que sofre de uma insônia severa e encontra um pouco de bem estar em grupos de apoio para pessoas com doenças que ele não tem. Câncer de testículo. Parasitas no cérebro. Parasitas no Sangue. Câncer de Pulmão e coisas do tipo.
O meu médico disse que, se eu queria ver sofrimento de verdade, devia aparecer na igreja da Primeira Eucarisitia em uma terça â noite. Ver os parasitas cerebrais, as doenças degenerativas dos ossos, as disfunções orgânicas. Ver as pessoas com câncer se superando.
As coisas fluem bem por um tempo até que ele conhece Marla Singer, uma turista, uma mentirosa, assim como ele. Ela não tem nada, mas frequenta os grupos de apoio. Eles têm uma briga e a vida dele volta a ser uma merda. Um dia seu apartamento é explodido e ele se vê obrigado a morar com Tyler Durden, um sujeito que ele conheceu em um momento estranho da sua vida.
O protagonista e Tyler Durden criam um clube da luta. Um lugar onde homens vão para lutar. Sem apostas. Sem objetivo. Apenas homens lutando.
Depois de uma noite no clube da luta, tudo que existe no mundo real passa a ter menos importância. Nada pode deixá-lo puto. Sua palavra é lei, e, mesmo que outras pessoas quebrem aquela lei, ainda assim você não ficará puto.
O clube da luta cresce, Tyler Durden começa a se relacionar com Marla e algo chamado Projeto Desordem e Destruição começa a surgir como um braço do Clube da Luta. Uma seita que tem Tyler quase que como um messias.
Então o protagonista descobre que ele é, na verdade Tyler Durden, uma espécie de dupla personalidade. Essa é a grande reviravolta do filme e do livro. Se você chegou até aqui e ficou puto com o spoiler… eu avisei, certo? Pois é.
O prédio onde estamos não vai estar mais aqui em dez minutos. Pegue uma medida de vapor de ácido nítrico concentrado a 98% e adicione três medidas de ácido sulfúrico. Faça isso em uma banheira com gelo. Depois adicione glicerina com um conta-gotas, uma gota de cada vez. Assim conseguirá nitroglicerina.
SEI DISSO PORQUE TYLER SABE ISSO.
O que eu achei?
O livro é incrível. Eu já li um outro livro do Palahniuk (o No Sufoco) e esse cara é foda demais. Ele escreve de forma não linear e para para fazer digressões e analisar coisas no meio do texto. É uma enorme viagem por um fluxo mental de alguém que pensa rápido demais. Não é livro para ler em lugar com barulho e coisas que tirem sua atenção. É faço de se perder.
Comparando com o filme. É tudo muito parecido, a cena do penguim, a criação do clube da luta, a cena onde o narrador conversa com a Marla e com o Tyler em separado é muito boa no livro e foi muito bem resolvida no filme. Em resumo, a estrutura toda da história está lá.
Estou começando a pensar se Marla e Tyler são a mesma pessoa. A não ser pelas fodas, todas as noites no quarto de Marla.
Transando.
Transando.
Transando.
Tyler e Marla nunca estão no mesmo lugar. Eu nunca os vi juntos.
Tem algumas diferenças também. A forma como o narrador e Tyler se conhecem é bem diferente, mas acho que alteração para o filme funciona, por que a versão do livro é muito viajante e talvez não funcionasse no filme; A cena deles correndo no carro e quase se matando é bem diferente. No livro o Tyler não está lá;
O fim é a principal diferença. No livro ela é mais realista e mais confusa do que no filme. Não tem toda aquela explosão dos prédios e nem a briga feia dele com ele mesmo.
Essa edição mais atual tem um epílogo muito legal onde o autor fala da repercussão do livro.
Tinha um livro?
Tinha
Antes do Filme…
Tem uma coisa que me incomoda tanto no livro quanto no filme é o caráter messiânico que o Tyler cria e a forma como o Projeto Desordem e Destruição se torna uma seita de pessoas que cumprem ordens sem pensar. Tem uma série de interpretações possíveis, mas me causa um mal estar ainda assim.
A primeira regra do clube da luta é que você não fala sobre o clube da luta – o mecânico responde. – E a última regra do Projeto Desordem e Destruição é não fazer perguntas.
Clube da Luta saiu pela editora Leya e pode ser comprado pela Amazon. E tem a versão de colecionador, que eu acho uma idiotice, mas existe. Se você comprar por aqui, você ajuda o site a crescer.
Então é isso. O livro é excelente. Recomendo muito para quem já gosta do filme. E recomendo o filme para quem não conhece.
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Um abraço.
E tchal.
Post publicado originalmente por mim no portal Cultura Nerd e Geek
Nossa… que bizarro ninguém comentar sobre esse livro depois de tanto tempo do post.
Bom, minha visão sobre as pessoas seguirem as ordens do Tyler sem pensar me deu a entender duas hipóteses:
1) esse grupo é feito de pessoas vazias que procuram na figura de Tyler alguém que dê sentido ao pouco significado auto-imposto delas.
2) passa-se o livro todo dizendo que as pessoas são uma merda, então, talvez esse grupo tenha se convencido de tal coisa (já que Tyler diz isso a elas e dá a entender que é um mantra entre eles) por isso enxergam o seu líder de forma messiânica.
Enfim, eu gostei bastante do livro. O final é bem louco, acho que o protagonista não morreu e que Tyler era apenas um cara falho tentando compensar as faltas do protagonista.
Livro fácil de ler e muito bom!!