A Canção de Orpheus (Sandman) – resenha

Salve, salve, seres humanos da terra.
Hoje é dia de falar de quadrinhos e eu quero falar de uma hq esquecida. É uma edição especial de Sandman que amplia a história de um personagem muito interessante. Então vamos nessa com A Canção de Orpheus.

Lembrando que essa hq é uma extensão da da série clássica. Então vou dar spoiler dos quadrinhos de Sandman. Se você está assistindo à série e não quer saber mais nada do que pode acontecer, talvez você deva ficar longe desse post.

Sandman Apresenta A Canção Orpheus

Orpheus:

Orpheus é um herói grego clássico e como tal, tem um milhão de versões diferentes. O que tem em comum em todas elas? Ele canta muito bem e é capaz de acalmar feras e encantar até os deuses com sua bela voz. Ele é mortal. É filho de uma musa chamada Calíope. E tem uma esposa morta chamada Eurydice.

A principal história dele, é que ele foi até o mundo dos mortos, o Hades, para buscar sua esposa. Em algumas versões ele encanta o própria Hades com sua música, mas vezes é com a esposa Perséfone. Mas a história é trágica e sempre (ou quase sempre) ele não consegue trazer a esposa de volta.

Além disso, em várias verões ele acaba sendo morto e despedaçado, quase sempre por mulheres, mas sua cabeça segue cantando sua bela canção.

Em Sandman:

Em Sandman, Orpheus é filho de Calíope com o próprio Sonho. Ele aparece em uma história onde a cabeça dele está perdida no meio da revolução francesa. Sandman usa a ajuda de Johanna Constantine para recuperara cabeça ainda viva de Orpheus.

E mais para frente, Orpheus é procurado por Sonho e Delirium, isso porque ele tem uma pista da localização do irmão perdido, Destruição. Em troca, Sonho deve matá-lo, o que prepara a hq para seu final.

A Canção de Orpheus:

Essa hq tem cinquenta e poucas páginas e saiu em 1991. Roteiros do Neil Gaiman e arte do Bryan Talbot.

A história começa com o casamento de Orpheus. Como ele é filho do Sonho, todos os Perpétuos estão presentes (incluindo o Destruição que não tinha desaparecido ainda). Então eles se casam, a maioria vai embora, mas um dos amigos de Orpheus tenta estuprar Eurydice e ela acaba sendo morta picada por uma cobra. Essa morte por picada de cobra é algo comum na mitologia.

Orpheus não lida bem com o luto, então decide não ir ao funeral. Ele pede ajuda ao pai para trazê-la de volta, mas ele não aceita. Eles brigam e desatam os laços.

Orpheus pensa em se matar para viver com Eurydice no outro mundo, mas Destruição o faz desistir e procurar sua tia, a Morte, para pedir ajuda.

Ele pede ajuda de sua tia, a Morte, e a pressiona. Então ela explica que ele não pode ir ao Hades sem estar morto, ou sem ser imortal. Ele insiste, então ela o transforma em imortal (assim como fez com o amigo do Sandman). Além disso, ela conta para ele como entrar no Hades sem morrer.

Hades:

Então Orpheus vai até a entrada para o mundo dos mortos. Ele passa por Caronte, o barqueiro do rio Styx, pelo cão Cérberos e finalmente chega a um mar de mortos onde ficam os tronos de Hades e Persephone.

Orpheus canta e encanta a todos, deuses, mortos e até mesmo as fúrias. Então Hades concede para ele a alma de Eurydice. Ela irá segui-lo até o mundo dos vivos. Basta que ele saia do Hades sem olhar para trás.

Ele segue o caminho, mas quando está perto do final, ele acha que foi enganado e olha para trás só para ver Eurydice pela última vez. Agora ela está condenada para sempre.

Sandman Apresenta A Canção Orpheus

Final:

Por fim, Orpheus fica depressivo e isolado em uma ilhazinha onde ele toca para os animais todos os dias. Sua mãe Calíope chega para avisá-lo que as Bacantes estão chegando, mas ele não liga. Então ele é atacado por elas. Elas devoram o corpo dele e jogam a cabeça no mar, mas Orpheus não pode morrer, então ele grita o nome de Eurydice, exatamente como em seu sonho no começo da história.

Por fim Sonho encontra a cabeça e ainda dá uma lição de moral no garoto. Orpheus (a cabeça) fica nessa ilha, sendo cuidado por um tipo de seita. Sonho só vai vê-lo de novo séculos depois no arco da busca pelo Destruição.

E fim.

Sandman Apresenta A Canção Orpheus

O que eu achei de A Canção Orpheus?

É uma boa história que reconta a história de um personagem clássico. Orpheus é um arquétipo do artista perfeito e do amante trágico. Quando ele aparece como uma cabeça na série principal como uma cabeça, o leitor sequer se questiona qual versão de sua decaptação está sendo usada. É comum que ele seja uma cabeça.

A novidade é ele ser filho do sonho. Mas é fácil notar que isso faz total sentido, já que a arte é filha dos sonhos. E nada mais razoável que alguém capaz de afetar deuses tenha ligação com os Perpétuos. Achei interessante como o Gaiman consegue amarrar um monte de versões da mitologia grega.

Uma curiosidade é que, nessa história, o amigo do Orpheus estava de boa, até que do nada ele vira um predador sexual e isso leva à morte de Eurydice. Isso pode ser influência do Desejo, que tem o plano dele de fazer que Sonho derrame sangue da família. Se for isso, o plano deu certo, porque essa história vai levar, bem mais para frente, a que Sonho mate Orpheus.

E as Bacantes são sinistras nessa história. Adorei.

Boa história. Boa arte. Recomendo muito A Canção de Orpheus.

Sandman Apresenta A Canção Orpheus

Então é isso. A Cna muito boa. Saiu pela editora globo ainda no século passado. Deve ter saído em algum desses encadernados definitivos. Recomendo.
Mas e você, o que acha?
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Um abraço.
E tchau

Vulto

Desprezível.

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