Dia da Purificação – Homem Animal 24 (parte 12)

Salve, salve, seres humanos e heróis de procedência duvidosa da terra.
Estamos na reta final dessa série quase interminável de posts resenhando o Homem Animal do Grant Morrison. Eu já expliquei várias vezes porque essa série é tão importante, mas agora chegou a hora de enlouquecer. Só faltam 3 edições, mas elas são todas tão densas que serão abordadas em um post para cada. Então vamos lá com o Dia da Purificação, a edição 24 de Homem Animal (são 26 no total).

Relembrando: Depois de ter a mulher e filhos assassinadas, se vingar e não ter nenhuma paz com isso, O Homem Animal viajou no tempo virando o fantasma que apareceu anteriormente nas histórias. Enquanto isso, Highwater volta ao Arkham onde o Pirata Psiquico está rematerializando personagens antigos que foram apagados na Crise nas Infinitas Terras. Então Homem Animal chega lá para resolver a parada.

Dia da Purificação:

Homem Animal 24 - Dia da Purificação

A história começa com uma página cheia de metalinguagem, com os recordatórios falando o que aparece nos quadros, como em um roteiro, além de mostrar o teclado de um computador onde a história é escrita.

Depois temos os personagens discutindo sobre o que há através da parede (O Ultraman quebrou a parede do quadro na edição passada). Enquanto eles discutem e ficam com medo, o Pirata Psiquico (cada vez mais translúcido) incentiva que eles saiam dos quadrinhos e ataquem as pessoas que ficam lendo os quadrinhos (no caso nós).

Homem Animal 24 - Dia da Purificação


Durante a discussão, o Overman aparece com a sua bomba para acabar com tudo e começa um quebra pau entre ele, o Ultraman e o Bizarro (que aparece depois). Enquanto os personagens se porram, o Pirata Psiquico fica puto: “Não Lute! É isso que eles querem!”. Os outros personagens vêm o que está acontecendo e entendem que são quadrinhos e o Homem Animal salta para fora do quadro.

Enquanto o Homem Animal luta com o Overman, Highwater conversa com o Pirata Psiquico, que conta para ele sobre a Terra Primordial e a Crise. O Homem Animal consegue puxar o Overman para fora do quadro e ele desaparece entre quadros. “Me deixa sair! Não é culpa minha ser criado para ser…”.

Homem Animal 24 - Dia da Purificação

O fim?

Com o vilão derrotado, Highwater finalmente cumpre seu papel na história. Ele é o único que entendeu a coisa toda já que ele foi criado como um físico especialista na teoria da descrição. Ele explica para todo mundo que eles são personagens em quadrinhos e que vivem suas aventuras toda vez que alguém os lê. O primeiro a aceitar é o Lanterna Mágica:

Não quero viver nesse mundo, Ultraman. É um lugar que perdeu toda a graça.
Tudo sempre foi vistoso, e aqui é tudo sombrio.
Quero ir para casa.

Por fim, todos os heróis trazidos de volta pelo Pirata Psíquico voltam para a Máscara da Medusa, que será vestida pelo seu novo portador, J. Highwater. A Bomba continua lá, mas o Homem Animal apenas desliga ela (como na edição 6).

Por fim, tudo volta ao normal, o Pirata Psíquico original desaparece, o Homem Animal volta ao seu uniforme antigo, os Aliens amarelos vão embora, deixando o herói para viver sua última aventura.

Vejam, perdi minha família e passei por coisas que fazem a minha cabeça rodar. Então o que somos? E, se formos só personagens de uma história, quem faz as histórias?
Quem faz a gente sofrer tanto?
Quem escreve o mundo?

Por fim Buddy abre a porta de casa e descobre que sua casa está em um lugar diferente, mas isso fica para a próxima edição.

O que eu achei de Dia da Purificação?

Essa foi a primeira edição dessa fase que eu li, em DC2000 nº 34. Obviamente eu entendi muito pouco do que estava acontecendo, mas já consegui sacar que tinha algo de genial acontecendo ali. Como assim pode falar de quadrinhos em histórias em quadrinhos? Como assim ‘Quem escreve o mundo’? Pode isso?

Essa história é uma virada de chave para o que vai ser o grande finalle dessa saga, mas além disso, ela possui várias outras complexidades e pistas para coisas que vão acontecer no futuro. Eu já disse durante toda essa série de reviews que essa fase mostra como um reboot é feito no background.

A informação de que o Pirata Psíquico é o único que lembra da Crise e dos personagens apagados, é inserido aqui (e não na Crise). Esse conceito é inserido aqui, apenas como uma maluquice de metalinguagem, mas vai ser muito importante quando o Multiverso for recriado em Crise Infinita (15 anos depois!). Crise que já foi mencionada na edição 18. Mas o que isso significa?

O Morrison entra na DC logo depois da Crise, mas para ele a Crise foi um erro. Apagar o Multiverso para criar um universo único, com cronologia certinha e histórias mais adultas (representadas nessa edição pelo Overman) é um erro. Jogar fora todo o multiverso com seus personagens é um erro. Então, por isso, ele escreve essa história deixando ferramentas para serem usadas quando o Multiverso voltasse.

O Morrison ama a galhofa e os personagens mais lúdicos e é esse amor que ele tenta mostrar quando diz que “… pois nossas vidas são encenadas de novo toda vez que alguém nos lê. Podemos não morrer nunca. Vivemos mais que nossos criadores.”.

Concluindo:

Então essa história é sobre esses dois pontos: 1) Personagens são mais do que personagens e eles merecem ser guardados. e 2) Personagens muito sérios e malvadões como o Overman são ridículos e descartáveis.; Isso além de repensar sobre a própria produção de quadrinhos, que é o que ele vem fazendo por toda a saga.

Essa edição é simplesmente sensacional. E as duas próximas também. Aguarde.

Toda a fase do Morrison saiu em 3 encadernados pela Panini. Essas duas edições estão do terceiro encadernado que você pode comprar pela Amazon clicando aqui.

Então é isso, esse foi o antepenúltimo post dessa série das histórias do Homem Animal. Eu me amarro demais nessa fase, especialmente nessa edição, e agora estamos chegando no grand finalle.
E você, já tinha lido? Achou tudo uma loucura?
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Um abraço.
E tchau.

Vulto

Desprezível.

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