Nada como a Inglaterra no verão. – Planetary #7 (parte 5)

Salve, salve, seres humanos da terra e criaturas entranhas de londres.
Em paralelo à minha série de resenhas do Homem Animal eu comecei uma série de resenhas de Planetary. Essa série de Planetary correu devagar, mas agora ela volta com tudo. Esse é o quinto post e eu vou falar da edição 7, que se passa na Inglaterra.

Nada como a Inglaterra no verão. – Planetary #7

Nada como a Inglaterra no verão. - Planetary #7

Essa edição começa com um telefonema, Jakita Wagner atende e recebe a informação de que Jack Carter está morto. Então o time de campo do Planetary viaja para a Inglaterra para o enterro do cara. Acontecem alguns diálogos sobre quem é esse cara. Ele é um mago, que atuou na Inglaterra nos anos 80. A Jakita parece adorar o cara, mas o Baterista diz que ele é um vigarista. Enquanto isso, Elijah segue confuso, sem entender o que está rolando.

No velório, vários personagens esquisitões e meio dark aparecem para acompanhar o velório (sem corpo). Depois eu comento sobre esses personagens.

Jakita conta uma história do Jack Carter, uma história sobre um fantasma que, a serviço do governo, iria matar uma mulher grávida para que ela não desse a luz a um novo Jesus. É uma história meio maluca, mas bem interessante. (A história é legal, mas não é o foco aqui).

O trio segue para ver onde Jack morreu, mas chegando lá eles descobrem que tem algo estranho. O Baterista detecta magia (magia é informação, códigos de trapaça do mundo real) e então eles percebem que a morte foi uma fraude. Nesse instante, aparece um super herói que parece um Superman sujismundo e começa a reclamar que o Jack destruiu a vida dele. Ele era um herói nobre e “do bem” (como um Superman), mas acordou em um puteiro, descobriu que sua origem era falsa e várias outras paradas.

Então, do nada, ele toma um tiro pelas costas e morre. Jack reaparece, agora careca e parecendo muito com o Spider Jerusalem (Transmetropolitan). Jack Carter explica o que rolou, diz que os anos 80 acabaram e some mais uma vez.

Fim da edição.

Nada como a Inglaterra no verão. - Planetary #7

Interpretando:

Como tudo em Planetary, nada é só o que parece. Como eu já expliquei antes, Planetary é sobre a história da cultura pop durante todo o século 20. E essa história é sobre a invasão britânica (como ficou conhecida) dos roteiristas na indústria americana.

Jack Carter é claramente o Constantine, criação do Alan Moore em 85. Durante toda a história é dito que ele, mas não só ele, toda a maluquice dos autores que viviam em um mundo sombrio e maluco (o Reino Unido nos anos 80, sobre controle da Thatcher).

Os personagens que aparecem no enterro são versões de personagens criados (ou recriados) pelos autores da dita invasão britânica. Aparecem versões de Sandman e da Morte (Neil Gaiman), Homem Animal e um Grant Morrison (sim, o Morrison é personagem de um gibi do Morrison).

Tem uma Sombra da Noite (é um personagem da Charlton, mas reaparece no universo DC em Watchmen). Tem um cara que parece um Etrigan. No centro, tem o Monstro do Pântano (é americano, mas foi reinventado pelo Alan Moore). Tem até um cara de chapéu panamá e terno roxos que pode ser o Coringa de A Piada Mortal. E tem alguns que eu não tenho certeza, mas parecem ser o Espectro, os Homens Metálicos e o Brother Power (não sei qual o nome no brasil).

Nada como a Inglaterra no verão. - Planetary #7

Pós anos 80:

Ok, isso é muito anos 80, mas não é só disso que se trata. O cara que parece um Supercara genérico, que era nobre, mas vira um loucão de procedência duvidosa, representa (a meu ver) o que os anos 80 (na figura do Jack Carter) fizeram aos anos 90.

O pessimismo da invasão britânica (com Watchmen, Piada Mortal, Hellblazer) é responsável (em partes) pelos terríveis anos 90, quando os heróis viram anti-heróis sombrios e cheios de problemas. Na verdade esse Supercara genérico, meio que representa o Miracleman (para ficar na Inglaterra), que passa de um super herói clássico para um desses “caras adultos” no final dos 80, começo dos 90.

Então esse cara, que representa a era Image toma um tiro e morre nas mãos de um novo Jack Carter, que não é mais um Constantine. Agora ele é o Spider Jerusalem, de Trasmetropolitan (também do Warren Ellis). Os anos 80 acabaram, os 90 nem merecem ser lembrados e agora é hora de algo novo para os quadrinhos britânicos.

Por outro lado, Jack Carter não sabe qualé a do cara. Ele mesmo diz que nunca quis servir de exemplo. Ou seja “Não é culpa nossa se vocês americanos tentaram copiar a gente”.

Pelo menos é assim que eu entendi a mensagem.

Nada como a Inglaterra no verão. - Planetary #7

O que eu achei de Nada como a Inglaterra no verão?

Essa é uma dessas histórias que mostra a genialidade da metalinguagem em Planetary. Para quem não entende da história dos quadrinhos e da relação histórica entre as décadas, pode parecer só uma história nonsense com um vilão verborrágico e sem graça.

Mas para quem sabe, Planetary é essa viagem por toda a cultura pop do século 20. Toda vez que eu releio eu pego novas coisas que eu não tinha sacado antes. E é isso é que é legal.

Concluindo:

Planetary saiu na Pixel Magazine, em 4 encadernados fininhos (a versão que eu tenho) e em um omnibus capa dura lindão que eu devo comprar um dia. Você pode comprar na Amazon clicando aqui.

Então é isso, essa edição reabre as investigações do Planetary.
E você, já leu Planetary? Ficou interessado no Jack Carter?
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Um abraço.
E tchau.

Vulto

Desprezível.

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1 Resultado

  1. 7 julho, 2023

    […] ferido e dado como morto, ele escapa, levando sua vingança para às ruas escuras e paranoicas da Londres dos anos 1970. Cru e cheio de suspense, Dead Shot é um thriller cheio de adrenalina que deixará o […]

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