Quem Matou o Caixeta? (quadrinho nacional) – resenha

Salve, salve, seres humanos da terra.
Já fazia um tempo que eu não falava de quadrinhos brasileiros aqui, mas eu tenho uma desculpa para isso. O problema é que eu li Quem Matou o Caixeta?, e é extremamente difícil falar dessa hq, por que ela é bem complexa. Daí entrei em um looping de enrolação até que hoje eu tomei vergonha na cara e vou falar de Quem Matou o Caixeta?

 

Quem Matou o Caixeta?

 

Quem Matou o Caixeta? é uma história em quadrinhos que foi publicada on line já faz um tempo, mas que, recentemente saiu em versão física graças a um financiamento coletivo.

Essa é uma hq complexa e o grande negócio dela é o formato, então a grande dúvida era “como falar dela sem dar spoiler?”. Então vou ter que dar um pouquinho de spoiler e é isso aí mesmo. Mas não vai chegar a comprometer não.

Então o que é Quem Matou Caixeta?

Esse quadrinho é em formato horizontal (paisagem) para dar bem a cara de um documentário, ou vídeo de youtube. E é exatamente assim que o quadrinho começa, como um documentário.

No começo parece que você está assistindo um vídeo documentário sobre o Caixeta, um youtuber desses bem babacas e reacionários, que foi morto por alguém. Então dentro desse vídeo, aparecem trechos de vídeos do Caixeta e depoimentos de outros personagens.

 

 

Então você percebe que aparecem uns balões fora da tela “do vídeo”. São balões de duas pessoas assistindo ao documentário e comentando sobre o documentário sobre um cara e seus vídeos do youtube.

Então o vídeo para (as pessoas “pausam” o documentário, por conta de uma briga) e agora a gente acompanha uma das pessoas que estavam assistindo. Agora o quadrinho é uma ação em primeira pessoa. Em um momento ele entre para dentro da própria cabeça a hq “acaba” com uma reviravolta muito louca.

 

 

Nessa parte, parece que a revista acabou, vem uma parte falando sobre o autor, informações editoriais, agradecimentos e tal, mas a história continua.

A história continua para pessoas falando a respeito dessa hq em uma rede social. Então tem um print de uma página, com curtidas, comentários e tudo o mais. Nos balões temos um diálogo de uma pessoa que enviou o link dessa hq que você leu até agora, para outra pessoa.

Essas pessoas se encontrar e uma terceira história se desenrola com uma briga de um esquerdomacho com uma menina. Nesse ponto o traço já é bem diferente das histórias anterior. A primeira história (do documentário) e das pessoas comentando o documentário se passam no mesmo mundo, mas essa terceira se passa fora, num mundo onde as outras duas são só quadrinhos.

 

 

Não satisteito, temos um quarto momento, onde uma quarta pessoa aparece lendo essa hq, já com a capa oficial da hq mesmo, assim como nós. Nós, que somos esse quinto nível de realidade lendo uma hq sobre um cara lendo a mesma hq, sobre um casal que leu uma hq, sobre um casal que assistiu um documentário, sobre um youtuber e seus vídeos.

Minha descrição ficou contusa? Pois é. É confuso mesmo.

 





O que eu achei de Quem Matou o Caixeta?

Esse é um gibi que pega o conceito de meta linguagem e aplica de uma forma tão magnífica que explode o seu cérebro. Uma história, dentro de uma história, dentro de uma história. Complexo, mas tudo isso muito rápido e gostoso de ler.

Além da questão da forma, que é um tesão por si só, ainda tem um tema muito bom. Caixeta é um daqueles youtubers reacionários que ficaram muito chateados por perder o seu “direito” de ofender e agredir as pessoas. Ele é um cuzão, total. Dentro do documentário já aparecem questões muito interessantes sobre o paradoxo da tolerância e várias questões que eu poderia ficar discutindo aqui, mas é melhor você ler.

No entanto, o mais interessante (a meu ver), é a forma como a mudança de camadas da narrativa também mostra uma mudança no olhar das pessoas, mas, ainda assim, mantendo um olhar preconceituoso e nocivo. Explico:

O Caixeta é totalmente babaca. O cara assistindo ao documentário é um caixeta que não sabe que é um caixeta, mas que começa a entender esse processo quando assiste ao doc. O terceiro cara, que leu a hq, não se identifica, mas sentiu a cutucada quando recebeu a hq. Ele é o típico esquerdomacho, que se acha evoluído e “super cool”, mas que, no fim das contas, é igualmente machista quando trata com a garota da terceira história.

E o quarto cara somos nós. Então quem somos nós? Somos caixetas, esquerdomachos ou somos melhores que isso? Fica aí o questionamento.

 

 

Em resumo. Quem Matou o Caixeta é uma das melhores coisas que eu li esse ano. É uma obra de arte fantástica, em roteiro, nos desenhos e, especialmente, na forma. É um trabalho fantástico.

Se você gostou, a hq está a venda no site da Avec Editora. Corre que ta barato.

Quem Matou Caixeta? é uma hq de Rainer Petter.

Então é isso. Mais uma hq incrível que eu tenho orgulho de ter apoiado.
Se já leu e gostou, ou se ficou curioso, deixe sua opinião aqui na área de comentários.
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Um abraço.
E tchau.



Vulto

Desprezível.

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