Homem Animal 20 e 21 (parte 10) – Luto e Vingança
Salve, salve, seres humanos da terra.
Esse é o décimo post da minha série de resenhas da fase do Homem Animal do Grant Morrison. Durante 9 posts eu venho falando dessa fase que está chegando no seu clímax. Então vamos lá que ainda tem muita coisa para acontecer. Hoje eu vou falar das edições 20 e 21.
Relembrando: Nas duas edições anteriores (18 e 19), o Homem Animal saiu com Highwater, eles se drogaram com peiote e tiveram visões sobre a estrutura do universo. O Homem Animal encontrou sua versão antiga e percebeu, pela primeira vez, que está em uma história em quadrinhos. Mas, o que importa mesmo para esse post de hoje é que ele retorna para casa e encontra a sua família assassinada.
O Último Inimigo (Homem Animal #20):
Essa é uma edição sobre luto. O Homem Animal segue apático depois de encontrar sua esposa e filhos assassinados em sua cozinha. Ele é ajudado por seus amigos e vizinhos (que já vinham aparecendo na história desde o começo), mas ele está desgostoso com a vida. Então acontece o enterro, com a presença do Caçador de Marte, da Vixen e dos heróis da Liga da Justiça Europa. Depois temos uma cena onde um detetive visita a casa. Então ele explica que o assassino deve ter hackeado o teletransportador da Liga para entrar na casa.
Em paralelo a isso, temos duas cenas do Lennox, o assassino, se reportando aos seus chefes do governo. Ele diz que está com medo de uma possível retaliação dos super heróis, mas os chefões tranquilizam-no com uma forma de se proteger: um robô. O Homem-Inseto é um exoesqueleto de combate, com super força, lança chamas, dardos mortais e várias outras firulas. Temos também uma cena do Pirata Psíquico surtando no Arkham, mas isso só vai ser relevante mais para frente.
Por fim, temos uma cena no banheiro, onde parece que o Homem-Animal vai se suicidar tomando remédios. Mas, antes que ele tome os remédios o telefone toca. Então alguém do outro lado da linha diz que sabe de uns nomes.
Garra e Dente (Homem Animal #21):
Depois do luto vem a vingança. A pessoa no telefone era o Mestre dos Espelhos, que conta para Buddy quem são as pessoas que mandaram matar sua esposa e filhos. Ele corta o próprio cabelo de um jeito cagado e veste o uniforme preto antes de partir em busca de vingança. Agora o Homem Animal é, de fato, um herói dos anos 90, com um uniforme preto, uma tragédia pessoal e nenhuma moral.
Ele parte para cima dos caras e os mata com facilidade. Um é puxado para o mar e morre afogado. Outro é puxado para debaixo da terra e morre também. O terceiro resiste e consegue chamar Lennox, vestido com a armadura do Homem-Inseto para um quebra pau. Então vem a luta, com o Homem-Inseto levando a melhor por um tempo, mas logo o Homem Animal consegue ver os movimentos usando os reflexos de uma mosca e o acerta com uma descarga elétrica, poderes de uma enguia.
Antes de apagar, Lennox diz que: “Você não devia combater gente comum… com superpoderes. Não é justo.” O Homem Animal fica puto e, com uma luva com lâminas, despedaça o cara totalmente.
No fim, obviamente ele não se sente nada melhor e aparece em um quadro tão perturbado quanto no começo. Então ele diz que pode consertar tudo com uma máquina do tempo. E a edição acaba aí.
O que eu achei dessas duas edições?
A edição 20 é só deprimente. Ela é toda densa porque o Buddy fica muito abalado e tudo é bem para baixo. Mas, se você não pegar que ele estava prestes a cometer suicídio, acaba sendo uma edição onde pouquíssima coisa acontece. Ela é morna, mas tem uma importância para a caracterização do personagem. Mas é só isso. Ah sim, tem a cena de demonstração do Homem-Inseto que é meio patética.
A edição 21 é, sem dúvidas, a mais esquecível de todas. Tem um monte de assassinatos, umas falas boas do Mestre dos Espelhos, mas nada que valha a pena ser lembrado. Porém, tudo isso tem um motivo.
Eu não sei se você lembra, mas no segundo post dessa série, quando eu falei do Evangelho do Coiote, eu já disse que havia toda uma crítica a “adultização” dos quadrinhos. Pois bem, essa crítica chega ao auge nessa edição. Depois do evento na África, o Homem Animal é finalmente rebootado e vira um herói moderno. Agora os atos dele têm consequências, o que vai levá-lo a uma tragédia e a uma persona mais sombria, violenta e “mais adulta”.
Os anos 90:
Talvez você não lembre, mas esse era o tom dos quadrinhos na época: Todos deviam seguir a cartilha de Watchmen, Cavaleiro das Trevas e Piada Mortal, com personagens mais realistas, mais sombrios e mais violentos. O mundo devia ser trevas e horror. Isso é o começo dos anos 90; ainda nessa década o Superman vai morrer, O Lanterna Verde vai virar vilão e o Batman vai ser quebrado.
Acontece que o Morrison nunca gostou de nada disso, e essa edição é a demonstração dele de que esse tipo de história não tem graça. O próprio Lennox deixa isso claro, quando diz que não faz sentido ter super heróis lutando contra gente comum. A violência e a vingança não melhoram o personagem em nada.
Pode parecer safadeza da minha parte dizer “ai, essa edição é ruim de propósito”, mas me parece claro que esse tipo de trama não funcionar é um recado. O próprio Lennox é uma representação disso, pois trocar um vilão como o Mestre dos Espelhos, por um assassino genérico de terno e óculos escuros é bem a cara patética das “histórias realistas”.
Agora que o Morrison já mostrou que ele não gosta desse tipo de história, na próxima edição as coisas já começam a ficar estranhas novamente.
Toda a fase do Morrison saiu em 3 encadernados pela Panini. Essas duas edições estão do terceiro encadernado que você pode comprar pela Amazon clicando aqui.
Então é isso, esse foi o décimo(!) post dessa série das histórias do Homem Animal. Eu adoro essa fase e agora estamos chegando na melhor parte.
E você, já tinha lido? Achou tudo uma loucura?
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Um abraço.
E tchau.