O Evangelho do Coiote – Homem Animal #5 (parte 2)

Salve, salve, seres humanos e animaizinhos da terra.
Esse é o segundo post da minha série de resenhas da fase Morrison no Homem Animal. Eu explico a importância dessa fase no primeiro post e agora é hora de falar de O Evangelho do Coiote.

O Evangelho do Coiote (Homem Animal #5):

Homem Animal 5 O Evangelho do Coiote


Essa história começa 1 ano no passado, com um caminhoneiro dando carona para uma garota que está indo para Los Angeles para tentar a sorte em Hollywood. Enquanto cantam, eles atropelam uma espécie de Coiote humanoide. Aí temos uma página inteira descrevendo a dor que o Coiote sente enquanto se regenera e volta à vida.

Homem Animal 5 O Evangelho do Coiote


No presente, temos o Homem Animal decidindo virar vegetariano depois do seu confronto com o Fera B’wana. Ele briga com a Ellen e sai de casa para dar um rolê voando.

No deserto da morte (aonde teve a cena do atropelamento) o cara do caminhão está de volta, caçando o demônio. Acontece que, depois do acidente, a vida dele virou uma zona e a garota caroneira morreu como prostituta. Então ele acredita que eles foram amaldiçoados depois de terem encontrado o tal demônio, que é o Coiote.

Ele atira no bicho, derruba em um penhasco, joga uma pedra nele e o explode com uma bomba (tudo descrito com muitos detalhes), mas ele regenera e continua vivo.

“Um Segundo Impacto Quebra o Crânio…
Desarticula a Mandíbula…
Quebra as Duas Pernas.
Ao atingir o fundo ele está cego e paraplégico”

Então chega o Homem Animal e o Coiote entrega para ele um papel com a sua história: O Evangelho segundo Ardiloso. Então ficamos sabendo qual a história desse pobre animal humanoide amaldiçoado.

O Evangelho do Coiote

O Evangelho segundo Ardiloso:

Basicamente ele é o Willy Coiote, do mundo dos desenhos animados, e vivia sofrendo por nunca conseguir pegar o Papa Léguas.

Quando os corpos se restabelecem imediatamente de qualquer ferimento, a ninguém ocorria contestar a fútil brutalidade da existência.

Um dia Ardiloso fica puto e se eleva para conversar com Deus. Então Deus faz um pacto com ele: os animais não lutariam mais enquanto ele carregasse o sofrimento do mundo, vindo para o Inferno da segunda Realidade e sofrendo para sempre em uma eterna dor imortal.


Como se a história não fosse triste o suficiente, tem a virada final que acaba com tudo. O Homem Animal diz que não consegue ler aquilo.


Então o Coiote toma um tiro de bala de prata e, finalmente, morre, caído em formato de cruz em uma encruzilhada.

Tal qual Jesus, Ardiloso sofreu e morreu para salvar os seus, mas infelizmente ele não conseguiu passar se evangelho para frente. É triste.

No último quadro vemos um pincel pintando a poça de sangue de Ardiloso. Isso é tudo, pessoal.

O que eu achei de Evangelho do Coiote?

Eu já li essa história várias vezes e ela continua sendo uma bomba metalinguística maravilhosa.

A forma como um maluco tem a vida destruída por um suposto demônio e resolve matá-lo com uma bala de prata, forjada com a prata de uma cruz, é uma enorme maluquice e poderia ser vista como galhofa.

Porém, toda a narrativa é feita por um Deus cruel que exerce seu poder através da própria história. Então, tudo que seria clichê, faz com que a história seja genial. A virada ocorre quando a figura de Deus, um quadrinista, aparece em sua própria história em quadrinhos.

Tudo isso vai voltar a ser tema mais tarde quando… não vou dar spoiler. Mas guarde isso na cabeça: essa metalinguagem vai ser base de toda a fase do Morrison.

Outro tema aqui é a morte da inocência. Por mais que o mundo dos desenhos animados (looney tunes) fosse super violento, era uma “violência muleque” que não é tão ruim assim. Quando se abandona o nonsense, o Ardiloso vem para o mundo real, onde a dor é real e terrível.

Essa transição me parece uma crítica (ou um comentário) a essa virada que os quadrinhos passavam na época (lembrando que essa hq se passa depois de Watchmen, a Piada Mortal, Batman Cavaleiro das Trevas) e culminariam na loucura dos anos 90.

Você quer temas mais sérios e mais adultos? Então prepare-se para um mundo triste e terrível. Isso pode parecer viagem minha, mas esse tema também vai ser recorrente nesse arco do Morrison. Voltarei a falar disso em breve.

Em resumo:

Essa história é a grande história dessa fase. As pessoas lembram bem de todo o run do Morrison, mas sempre puxam essa história logo de cara. E não é por menos. O Evangelho do Coiote é um soco no cérebro e abre a porteira para toda a loucura que vai vir depois. Recomendo demais.

Toda a fase do Morrison saiu em 3 encadernados pela Panini. Essa edição está no primeiro encadernado que você pode comprar pela Amazon clicando aqui.


Então é isso, esse foi o segundo post dessa série sobre o Homem Animal.
E você, já leu essa hq?
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Um abraço.
E tchau.

Vulto

Desprezível.

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