Três Coringas – a HQ mais ideia errada do ano – resenha

Salve, salve, seres humanos da terra.
Já faz um tempinho que eu não falo de quadrinhos, mas chegou a hora de voltar. Mas volto com um quadrinho triste que não tinha como dar certo e… depois eu explico. Enfim, hoje eu vou falar de Três Coringas.

Essa história é complicada. Lá em 2016, em Liga da Justiça 50 (eu acho), no meio daquele evento Darkseid War, o Batman sentou na Cadeira de Mobius (aquele cadeirão mágico do Metron) e isso deu poderes divinos para ele por algum tempo. Então ele resolveu perguntar o nome verdadeiro do Coringa e descobriu que, na verdade, existiam três Coringas. E o “maior detetive do mundo” nunca percebeu que estava lutando com pessoas diferentes.

Essa história foi escrita por Geoff Johns.

Agora, em 2020, quando todo mundo achava que a DC já tinha deixado essa ideia errada para lá, anunciam uma nova minissérie de 3 edições chamada Três Coringas, para resolver essa treta de uma vez por todas, ou não. E quem pega para escrever é o mesmo Geoff Johns. Eu li essa bomba e agora vamos lá comentar.

Três Coringas – resenha

A história começa com uma premissa muito simples: três crimes causados pelo Coringa em lugares diferentes ao mesmo tempo. “Ohhh! Será que são imitadores? Qual será o Coringa verdadeiro?”. Então o Batman, a Batgirl e o Capuz Vermelho começam a investigar a parada.

Sim, são três Coringas e eles são numerados para evitar confusões. 1) O Criminoso (o Coringa clássico, que se importa mais em ser um gênio do crime com roubos e assassinatos elaborados); 2) O Comediante (é o Coringa da Piada Mortal, o que atirou na Batgirl); e 3) O Palhaço (o Coringa que matou o Jason Todd em Morte em Família). Eles aparecem juntos no final para você não ter dúvida.

Daqui para frente tem spoiler!

Os três heróis começam a caçar os Coringas juntos. Eles derrotam e capturam um deles (o que matou o Jason) e o Batman tem a ideia de deixar o Capuz Vermelho e a Batgirl sozinhos com ele. Jason mata ele e a segunda edição é só uma torta de climão.

Na segunda edição descobrimos que os Coringas estão sequestrando e tentando “coringar” um monte de gente. O plano é fazer um Coringa melhor e o Coringa 3 acha que Jason é o próximo Coringa. Mas ele morre e os outros talvez não concordem tanto.

Jason Todd é capturado e espancado com um pé de cabra (de novo), mas é deixado para trás, afinal não é ele quem vai ser o novo e melhor Coringa.

Daí resumindo a coisa toda: Muito dramalhão entre o Batman e o Capuz Vermelho (“Eu mato mesmo”, “Você não pode matar as pessoas”, “Eu virei do mal porque você me deixou morrer”, “Eu queria ter te salvado”);

Batgirl meio perdida na história servindo de bússola moral para todo mundo (“A Barbara também tem trauma, mas não ficou doida. Você podia ser mais parecido com ela”.).

Rola uma atração totalmente fora de contexto entre o Capuz Vermelho e Barbara. E o Capuz diz que o Batman só não prende ele porque isso revelaria a identidade do Homem Morcego. Então da metade de história para frente, vira uma narrativa espertinha sobre identidades secretas.

Agora o Spoiler Final:

No fim, ficamos sabendo que os Coringas querem fazer um novo Coringa para ser o maior de todos. Então eles tentam coringar o Joe Chill, o homem que matou os pais do Batman.

Em uma cena de ação muito da mal feita, o Batman impede o plano do Coringa 1, salva o Joe Chill e perdoa ele.

Daí vem o Coringa 2, o da Piada Mortal (que estava em outra luta, mas teletransportou), e mata o Coringa 1. E aí ele revela que esse era o plano dele o tempo todo, fazer o Batman perdoar o Joe Chill, para que ele, o Coringa, possa ser o grande pesadelo do Batman. É sério, é esse mesmo o plano.

Ah sim, o Coringa (pelo menos o 2, que é o único que sobreviveu), sabe a identidade secreta de todo mundo (Bruce, Jason e Barbara). E ele também não revela qual dos Coringas criou os outros, mas isso não importa.

No fim das contas é só uma história muito da mequetrefe para não explicar essa maluquice de 3 Coringas, matar dois deles e dizer: “Agora o que vale é o da Piada Mortal, é isso”. Além disso serve para mostrar que o Batman é uma pessoa boa e que perdoou o Joe Chill. É ruim, mas eu entendo até aí.

Mas a história ainda não acabou. Agora vem a Bomba!

A Bomba:

No fim da história, quando estava só ruim, o Alfred conversa com Bruce e ele faz a revelação: Ele descobriu a identidade do Coringa logo depois do primeiro encontro deles… mas ele nunca contou para ninguém para proteger família dele.

Isso mesmo, a família dele, aquela mesma de a Piada Mortal, a esposa grávida que morreu em um acidente. Eles fazem um retcon na história e diz que os policiais inventaram a morte dela, porque já sabiam que o Comediante que virou o Coringa (o nome não é dito em a Piada Mortal) era meio maluco.

E é isso, a família do Coringa está viva. O acidente foi falso. O Coringa que vale é o da Piada Mortal, mas meteram esse retcon na história do pobre Alan Moore.

Ah sim, e o Batman sempre soube a identidade do Coringa, então porque diabo ele perguntou o nome para a Cadeira Mobius? Ninguém sabe. Nem o Johns que escreveu as duas histórias.

E é isso.

O que eu achei de Três Coringas?

Três Coringas não é só ruim. Ele é ofensivo. Veja, eu nem sou fã do Coringa, como um monte de malucos que têm por aí, mas eu gosto muito de a Piada Mortal.

Daí vem o Johns escrevendo uma história muito ruim, tentando simular o estilo do Moore e fracassando miseravelmente. A ideia dos Três Coringas já é ruim sozinha, mas no fim das contas a história é capenga por tentar criar uma paridade de 3 contra 3.

O Capuz Vermelho não serve para nada na história (só para atrapalhar) e a Batgirl está ali para enfrentar um trauma que ela já superou a muito tempo. Então eles ficam por ali fazendo nada (e tendo um romance ruim) enquanto a história é sobre o Bruce e o Coringa, que só quer ser notado.

Essa história é toda errada. Toda errada. Não tinha como dar certo, mas eu li porque eu me odeio. Não recomendo de jeito nenhum. Esse gibi é deprimente.

E tem mais uma coisa… agora o Coringa tem um filho. Quer apostar quanto que daqui alguns anos alguém vai achar uma boa ideia trazer esse guri de volta?

Chega!

Então é isso, não leia Três Coringas. É muito ruim.
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Um abraço.
E tchau.